A greve dos trabalhadores das cantinas de serviços do Estado concessionadas resultou no encerramento de 90 escolas. O número representa 2% do total de 4560 escolas básicas e secundárias públicas. Além disso, nos hospitais houve 20 cantinas a funcionarem com serviços mínimos.
Os números foram avançados ontem pelo dirigente do sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares, Francisco Figueiredo, que aponta que estes são números que dizem respeito apenas a escolas e hospitais das zonas norte e centro do país.
O balanço final do protesto será divulgado hoje, após uma reunião da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo, para “decidir novas medidas” de protesto, afeta à CGTP, acrescenta o mesmo dirigente sindical.
Em causa está o protesto dos trabalhadores das cantinas e refeitórios concessionados em escolas, hospitais, centros de formação e outros serviços do Estado que, durante o dia de ontem, estiveram em greve para reclamar aumentos salariais.
De acordo com o sindicato, há cerca de 50 mil trabalhadores ao serviço destas empresas – como a Gertal, Itau, Uniself, Ica – que exploram as cantinas a receber o salário mínimo nacional. Além disso, há sete anos que estes trabalhadores têm os salários congelados, sobretudo nalgumas categorias, como é o caso das cozinheiras, disse à Lusa António Baião, dirigente sindical da região centro.
O sindicato acusa ainda as empresas de colocarem os funcionários a trabalhar 12 horas diárias, e de querer retirar o subsídio de trabalho noturno das 20 às 24 horas e de ter intenção de reduzir o pagamento em dia feriado, explicou ainda António Baião.
Ministério diz que impacto foi “residual” O Ministério da Educação não avança qualquer número de escolas encerradas dizendo apenas que o impacto foi “residual”. E, tal como o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues, os diretores escolares ouvidos pelo i também dizem que foram poucas as escolas que ontem encerraram devido ao protesto.
Seria nas escolas que o impacto da greve mais se poderia sentir. Isto porque “o encerramento das cantinas ou o não funcionamento das cantinas é a razão primeira para que as escolas encerrem. Se não tivermos condições para servir refeições temos de encerrar a escola, não podemos estar na escola. Temos de encontrar soluções para enviar os alunos para casa”, explicou ao i o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) Manuel Pereira.
No entanto, Manuel Pereira disse não ter conhecimento que qualquer escola tenha encerrado.
Também o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, disse ter conhecimento do encerramento de apenas uma escola, a EB 2,3 de Ramalho de Ortigão, no Porto. O diretor falou ainda em dois casos de escolas do 1.º ciclo (do 1.º ao 4.º ano de escolaridade) em que houve cantinas encerradas e em que os diretores enviaram os alunos a casa para almoçar e que regressaram à tarde à escola, para terem aulas.