Encomenda armadilhada. Antigo primeiro-ministro grego sofreu ferimentos ligeiros

Lucas Papademos sofreu ferimentos no abdómen e numa perna. Os dois ocupantes do carro estão também fora de perigo. 

Uma encomenda armadilhada com explosivos detonou-se esta quinta-feira num carro em que seguiam o antigo primeiro-ministro grego Lucas Papademos e outros dois ocupantes, em Atenas, naquele que parece ser o mais grave atentado em solo grego desde que um polícia morreu em 2010, também vítima de uma encomenda com explosivos. 

Papademos e os dois outros ocupantes sofreram apenas ferimentos ligeiros. O antigo primeiro-ministro, por exemplo, estava esta quinta-feira a ser tratado por ferimentos superficiais no abdómen e um corte um pouco mais profundo numa das pernas, segundo disse uma fonte do hospital de Atenas à Reuters. Os outros feridos são o condutor de Papademos e uma terceira pessoa ainda por identificar. 

Na Grécia não é incomum intercetarem-se encomendas armadilhadas em edifícios governamentais ou de instituições financeiras. Só em março, por exemplo, a polícia grega encontrou oito encomendas suspeitas em Atenas, de onde terão também partidos os envelopes com explosivos que nesse mês feriram uma funcionária dos gabinetes parisienses do Fundo Monetário Internacional (FMI), assim como outros que foram intercetados dias depois no edifício do Ministério das Finanças da Alemanha, ao cuidado de Wolfgang Schäuble, uma das mais severas figuras europeias na resposta à crise económica grega.

Papademos, que governou durante quase meio ano entre 2011 e 2012 e presidiu a alguns dos principais cortes orçamentais na prolongada crise, parece ser um “alvo natural” para este tipo de terrorismo doméstico. As encomendas de março foram reivindicadas pelo grupo de extrema-esquerda Células da Conspiração do Fogo, mas nenhum grupo reivindicou ainda a encomenda explosiva desta quinta-feira

“Senti o meu carro abanar, como se tivesse acontecido um pequeno tremor de terra”, contou numa testemunha à televisão Saki TV, dizendo que estava  perto do carro em que seguia Papademos. O veículo, fotografado na berma da estrada, parece praticamente intacto – era blindado e o grosso da explosão foi contida As exceções eram os pára-brisas que ficou severamente rachados. No entanto, a testemunha não identificada contou à televisão grega que as portas do veículo mercedes se abriram com a força do impacto. “Foi o pânico total”, contou. 

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, esta quinta-feira em encontros com líderes europeus e americanos em Bruxelas, estava a par do acontecimento e a receber informações constantes, de acordo com a agência grega ANA.

Segundo disse uma fonte policial à Reuters, os investigadores encontraram fragmentos de uma carta adereçada à Academia de Atenas, da qual Papademos é presidente. Outras fontes indicavam que o ex-primeiro-ministro saíra do Banco Central antes de abrir a encomenda armadilhada – Papademos foi também presidente desse órgão entre 2002 e 2010.