A detonação de um camião-bomba em pleno bairro diplomático de Cabul, esta quarta-feira, fez pelo menos 80 mortos e mais de 350 feridos, a grande maioria civis. A explosão ocorreu pelas 8h25 (menos quatro horas em Portugal continental) na praça Zanbaq, muito próxima das embaixada da Alemanha e, supostamente, uma das zonas mais seguras da capital do Afeganistão, onde se situam, igualmente, o Palácio Presidencial e diversos ministérios.
O número de vítimas foi aumentando durante a tarde de ontem, pelo que tanto as autoridades policiais e militares afegãs, como as equipas médicas que estão tratar dos feridos pelos hospitais de Cabul, acreditam que aquele possa ser ultrapassado, nas próximas horas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Sigmar Gabriel confirmou a morte de um guarda da embaixada, de nacionalidade afegã, e informou que alguns funcionários ficaram feridos. A representação diplomática do Japão também reportou o ferimento de dois funcionários, ao passo que as autoridades do Reino Unido, Turquia, França e China apenas relataram danos materiais, nas respectivas embaixadas.
O acesso àquela área de Cabul é bastante restrito e depende do controlo securitário, levado a cabo pela polícia afegã em vários postos, de paragem obrigatória. De acordo com um funcionário diplomático que falou com a AFP, os obreiros do ataque terão escondido mais de 1500 quilos de explosivos dentro de um camião, que terá sido autorizado a entrar no bairro diplomático, alegando transportar água.
Os principais suspeitos do atentado são os guerrilheiros talibãs – que controlam mais de um terço do território afegão – e o grupo terrorista Estado Islâmico. Mas Zabihullah Mujahid, porta-voz dos primeiros, emitiu um comunicado a negar responsabilidades e a condenar “operações indiscriminadas que causam vítimas civis”.
Citado pela Al-Jazeera, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, condenou “fortemente o ataque cobarde no sagrado mês do Ramadão” e lamentou a morte dos “civis inocentes que faziam a sua rotina”. Já Jens Stoltenberg, líder da NATO – que conta com cerca de 5 mil soldados no país – publicou uma mensagem no Twitter a garantir que a aliança atlântica “está com o Afeganistão na luta contra o terrorismo”.
O atentado terrorista de hoje foi o mais mortal dos primeiros seis meses do ano, tendo ultrapassado, em número de vítimas, o ataque de março a um hospital militar de Cabul, que fez perto de 50 mortos.