Constança Urbano de Sousa diz que migrantes podem ajudar a resolver problemas da Europa

Ministra da Administração Interna esteve esta quarta-feira nas Conferências do Estoril a falar sobre os fluxos migratórios

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, esteve esta quarta-feira nas Conferências do Estoril, onde falou sobre os fluxos migratórios e os desafios que a Europa enfrenta atualmente, lembrando que este não é um problema novo e que o Velho Continente pode beneficiar da vinda de migrantes e refugiados.

“A questão dos fluxos migratórios através do Mediterrâneo não surgiu nos dias de hoje. Há uma década, o Mediterrâneo era já a fronteira mais letal do mundo”, recordou a ministra portuguesa, durante a conferência ‘Irá a União Europeia sobreviver à crise migratória?’.

Depois de 2011, os fluxos migratórios passaram a ser mistos: agora, no mesmo barco, são transportados migrantes económicos e refugiados. “A Europa, mais do que um dever jurídico, tem um dever civilizacional e moral de proteger quem sofre com a guerra. Não nos podemos esquecer que antes desta crise dos refugiados, já tivemos outras crises e a maior de todas foi provocada pela Segunda Guerra Mundial”, frisou.

Para lidar com esta crise migratória, Constança Urbano de Sousa acredita que é necessário resolver as desigualdades internas na Europa. “64% dos refugiados sírios que chegaram à Europa estão na Alemanha e na Suécia. A Europa tem de ter medidas equitativas de partilha de responsabilidades”, defendeu a ministra da Administração Interna.

“Podemos receber todos os refugiados do mundo? Claro que não, nunca teremos essa capacidade. Mas podemos fazer muito mais para cumprir não só o nosso dever jurídico, mas também civilizacional. Temos de investir também mais fortemente em políticas de integração. Se quisermos preservar a paz e a coesão social, temos de investir mais nas sociedades europeias, na integração de migrantes e preparar as sociedades de acolhimento para algo que é inevitável nas próximas décadas”, acrescentou.

Para além disso, Constança Urbano de Sousa defendeu que a Europa pode beneficiar da vinda destas pessoas para o continente europeu: “se tivermos em consideração o declínio demográfico na Europa, a migração é uma oportunidade para inverter este problema, que tem efeitos nefastos no nosso desenvolvimento económico, na sustentabilidade dos nossos sistemas de segurança social”.