Os toldos de plástico e o calor das panelas fazem com que, dentro desta cozinha improvisada, o calor suba bem acima dos já 40 graus que se fazem sentir lá fora.
É em frente ao quartel de bombeiros de Pedrógão Grande que está montada a cozinha de campanha, onde vinte fuzileiros da marinha se organizam para servir as refeições aos bombeiros, GNR, Proteção Civil e voluntários que se juntam no local.
O cabo Filipe Afonso assume as rédeas do fogão e entre cozer batatas e ovos, escorrer feijão e abrir latas de atum, organiza a equipa que já sabe que esta cozinha tem que servir rápido e bem. "Fazemos sempre a chamada comida de tacho, ou seja, tudo na mesma panela". É por isso que recorrem muitas vezes aos guisados, massadas ou saladas com batata e feijão. "Além disso tem que ser energética e agradar a todos", explica. E mesmo quando no grupo existem vegetarianos intolerantes ou alérgicos, arranjam sempre solução. "Ninguém sai daqui com fome", garante.
No curriculo tem incêndios e guerras, mas nada do que viu bate os sete meses que passou em Timor. "Tínhamos crianças de cinco anos a passar arame farpado para ir buscar a comida que nós deitávamos fora", lembra. Em Pedrógão, vive apenas do que chega nos telejornais e dos relatos dos colegas que chegam do terreno. Veio para uma missão que acabaria amanhã, mas já o avisaram que é possível que tenham que ficar até sábado. "Isto está mau, muito mau mesmo".