O tom de violência nas ruas venezuelanas atingiu um novo patamar ao fim da tarde de terça-feira, quando um helicóptero pilotado por um oficial da polícia disparou vários tiros contra o edifício do Supremo Tribunal e lançou quatro granadas, sem, contudo, causar quaisquer ferimentos ou mortos.
O ataque é inédito em quase vinte anos da era chavista. O atacante, Oscar Pérez, anunciou a autoria do atentado através das redes sociais, identificando-se como parte de um movimento de militares, agentes da polícia e cidadãos que se opõem à “tirania” do governo de Nicolás Maduro. “Somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas”, disse Pérez no Instagram..
Oscar Pérez não foi ainda encontrado e a guarda nacional venezuelana conseguiu dispersar o ataque desde o solo. Maduro respondeu ao ataque classificando-o como um atentado terrorista, uma vez que, na altura dos disparos, estariam dezenas de cidadãos no terraço do edifício do Supremo.
The Supreme Court in the Venezuelan capital, Caracas, has come under attack from a stolen helicopter pic.twitter.com/CnqtkAtu3E
— RTÉ News (@rtenews) June 28, 2017
“Ativei todas as forças armadas para defenderem a paz”, afirmou Maduro, segundo quem o helicóptero sobrevoou outros edifícios de governo e uma das granadas não se detonou. “Mais cedo ou mais tarde, vamos capturar esse helicóptero e os homens que desencadearam este ataque terrorista”, lançou.
É difícil perceber se o ataque de terça-feira vai inaugurar uma nova etapa no caos político e social em que a Venezuela está imersa. Os protestos antigovernamentais continuam a realizar-se quase todos os dias, já morreram pelo menos 75 pessoas desde que começaram as manifestações, em abril – em parte polícias e apoiantes governamentais, mas a maioria manifestantes. Também na terça-feira, dia de novos protestos, um manifestante morreu com disparos da polícia.
Maduro, no entanto, não dá sinais de convocar as eleições antecipadas que as ruas em Caracas exigem. Em vez disso, o governo agendou já a eleição de uma Assembleia Constituinte que a oposição afirma ser uma artimanha destinada a prolongar Maduro no poder.