Estudo revela sexismo nas universidades portuguesas

Autora é professora associada no Departamento de Sociologia da Universidade de Warwick

Um novo estudo mostra que continua a existir uma cultura sexista nas universidades portuguesas – esta pode condicionar a aprendizagem dos alunos e o desempenho dos docentes.

A investigação, que será apresentada amanhã em Lisboa, Centro de Cultura e Intervenção Feminista, revela que, nos últimos 10 anos, tem existido, nestes estabelecimentos de ensino, um discurso oficial que promove a igualdade e a inclusão, mas este coexiste “com uma cultura não-oficial marcadamente sexista. Em conversas de corredor, reuniões fechadas, em associações de estudantes e em muitas salas de aula, é possível observar diariamente formas mais ou menos explícitas de discriminação, ridicularização e menorização das mulheres e das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans (LGBT), e da investigação científica que elas desenvolvem”, lê-se num comunicado enviado à redação.

Maria do Mar Pereira, professora associada no Departamento de Sociologia da Universidade de Warwick e autora do estudo, defende que as manifestações de sexismo são muito preocupantes, pois têm efeitos no dia-a-dia de quem frequenta estes estabelecimentos: “limitam o conhecimento científico que é produzido, reduzem a qualidade da formação universitária, condicionam o sucesso e oportunidades académicos de muitas mulheres e pessoas LGBT, e afetam a sua saúde e auto-estima”.

“Este sexismo é expresso muitas vezes através de humor, ou de uma “cultura de gozo”. Este humor é visto como uma prática isolada e inofensiva de alguns indivíduos, mas ele é, de facto, uma prática mais generalizada e extremamente nociva, com efeitos muito graves, como este estudo científico vem agora demonstrar”, lê-se no comunicado.