Lula da Silva encaixou esta quinta-feira a sentença de Sérgio Moro na lógica do combate político, atirou o seu julgamento para a praça pública e lançou-se ao ataque.
O ex-presidente do Brasil anunciou que quer de facto ser candidato às eleições do próximo ano, insistiu em dizer que a condenação no caso do apartamento Triplex tem intenções políticas e afirmou que só o eleitorado brasileiro pode decidir o seu fim.
“Quem acha que este é o fim do Lula vai quebrar a cara”, lançou o ex-presidente ao final da manhã desta quinta-feira, na sede do seu Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo – meio da tarde em Portugal. “Quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro”, exclamou, para aplauso dos militantes que o rodeavam.
E terminou: “Se alguém pensa que com essa sentença me tira do jogo, pode saber que eu tô no jogo. E agora quero dizer ao meu partido, que até agora não tinha reivindicado mas vou reivindicar, o direito de me cocolar como postulante à presidência da república em 2018.”
No discurso desta quinta-feira, Lula oferece pistas sobre como pode avançar o debate político brasileiro nos próximos meses – a sua defesa no caso Triplex também já o faz. A palavra de ordem parece ser a de politizar o processo.
O ex-presidente disse que a sua sentença é a “continuação do golpe” que culminou no afastamento de Dilma Rousseff e que o processo estava já decidido antes de ouvidas as testemunhas e analisados os documentos.
“Ficaria mais feliz se eu fosse condenado com base em uma prova”, afirmou. “O que me deixa indignado, mas sem perder a ternura, é perceber que você foi vítima de um grupo de pessoas que contou uma primeira mentira e passa a vida para [a] justificar.”