Futebol. Montenegro trava iniciativa do seu partido para tirar poderes à Liga

Iniciativa de Marques Guedes visava dar à FPF poderes sobre a arbitragem. Líder da bancada do PSD travou o processo por falta de consenso

A iniciativa dos sociais-democratas pretendia passar a elaboração dos regulamentos de arbitragem e de disciplina da Liga de Clubes para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Ao que i apurou, tinha sido apresentada pelo ex-ministro Luís Marques Guedes e pelo deputado Emídio Guerreiro.

No entanto, após duras críticas do presidente da Liga de Clubes, Pedro Proença, o PSD acabou por recuar nas suas pretensões. Foi o próprio deputado Luís Montenegro, líder do grupo parlamentar ‘laranja’ a mandar retirar a proposta de cima da mesa, segundo pode apurar o i.

“Tendo sido hoje informados de que o consenso previsto afinal não se iria concretizar e conscientes da necessidade de matérias desta importância merecerem um apoio claro e inequívoco por parte das diversas forças políticas, os grupos parlamentares do PSD e do CDS-PP pretendem retirar as propostas de alteração entregues relativamente aos referidos artigos”, escreveram os partidos do centro-direita à presidente da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, Edite Estrela, do Partido Socialista.

Pedro Proença havia considerado a proposta como “desleal” e “inconstitucional”, acusando o PSD de possuir uma “agenda obscura” para esvaziar de poderes a Liga em favor da FPF.

A Liga chegou mesmo a emitir mesmo um comunicado oficial esta terça-feira em que visava ter sido “surpreendentemente confrontada, pela forma encapotada como o processo foi gerido, com uma proposta de alteração legislativa, em sede de Comissão Parlamentar, que põe em causa o edifício do futebol profissional, assim como a gestão e credibilidade das sociedades desportivas que representa”.

Depois de os sociais-democratas recuarem na sua iniciativa, a Liga tornou a reagir; desta vez em tom de louvor. “O recuo nessa sinistra intenção, que acaba de ser noticiado, é a demonstração irrefutável de que as manobras ardilosas de contornos obscuros não resistem à luz clarificadora do escrutínio público”, apontava o documento, que também se congratulava “com a constatação de que um Estado de Direito democrático, servido por uma imprensa livre e atenta, ainda é a melhor garantia da regularidade do processo legislativo e o melhor antídoto contra a promoção de agendas encomendadas”.

afinidades com o mundo do futebol

Montenegro e Hugo Soares, seu primeiro vice-presidente e aquele que o vai substituir na liderança da bancada social-democrata, têm pública afinidade com o mundo desportivo e futebolístico, seja com Joaquim Oliveira, da SportTV, seja com António Salvador, presidente do Sporting de Braga.

Quanto a Pedro Proença, o antigo árbitro internacional é presidente da Liga de Clubes desde junho de 2015 e nesse ano descrevera-se como sendo “do Benfica” e “de esquerda”. Um conjunto de características que Hugo Soares e Luís Montenegro garantidamente não partilham.