«Um valor seguro», foi como Luís Marques Mendes apresentou o candidato do PSD a Barcelos para as autárquicas deste ano.
Mário Constantino, professor e advogado, não é novo no mundo autárquico, tendo já sido vereador e vice-presidente da Câmara, mas é a primeira vez que aceita um desafio de proporções semelhantes à Câmara Municipal de Barcelos – um antigo bastião autárquico dos sociais-democratas, há oito anos perdido para o Partido Socialista.
Com o apoio, em coligação, do CDS-PP, que levou o eurodeputado Nuno Melo à apresentação da candidatura, Constantino aposta também noutra abertura.
É que este ano o executivo camarário que tenta nova reeleição vê-se algo divido, na medida em que Miguel Costa Gomes, o presidente de Câmara incumbente, concorre contra o seu antigo vice-presidente, Domingos Pereira, que abandonou o PS após os órgãos nacionais ultrapassarem a nomeação concelhia que havia conseguido. Com os socialistas divididos e o centro-direita unido, Constantino espreita a oportunidade.
Escutado pelo SOL, o social-democrata imprime um discurso de mudança assumida. «Barcelos tem estado num completo marasmo. Repare que não há uma única obra estruturante nos últimos oito anos». Do seu ponto de vista, tal «é prova de que uma cidade não se resume a duas pessoas [os dois vereadores que Costa Gomes manteve depois da ruptura no executivo]», encarando o «projeto político do PS falido».
E como mudar isso? Constantino apresenta uma estratégia «integrada», propondo um «corredor verde» que ligue um eixo entre o fecho da circular urbana, um novo hospital (que considera «fundamental»), o pólo universitário, o estádio de Barcelos e o rio, «que não pode ser desaproveitado».
«Este ‘corredor verde’ ligaria estes quatro eixos da cidade numa zona de lazer, desporto e bem-estar, criando novas dinâmicas para os barcelenses». Para Constantino, «é preciso mostrar que se tem uma ideia de cidade, focada na educação, na assistência aos mais necessitados – por isso o novo hospital – e potenciar essa ideia».
O candidato social-democrata nota que «se o turismo está a alavancar a economia, poucos têm um extraordinário património como o de Barcelos para aproveitar» .
Por outro lado, Constantino destaca o IPCA, o pólo universitário local, como um «instituto de referência» necessariamente integrado na referida «dinâmica» que quer implementar. «As universidades significam conhecimento e investimento no futuro do concelho. Eu quero devolver esse futuro a Barcelos», assume o candidato a presidente de Câmara.
Miguel Costa Gomes é o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, recandidato pelo PS, e tem a vantagem da incumbência do seu lado.
Escutado pelo SOL, o autarca aponta a «conclusão de projetos» como prioridade da recandidatura, de modo «a dar continuidade» à visão da sua equipa. «Abracei o projeto em 2009 e já o sentia como vencedor», conta, garantindo que pretende que os próximos quatro anos, caso torne a vencer, seja o tempo «de olhar mais para a cidade».
«Quando chegámos tivemos uma herança de 48 milhões de euros em passivo, agora temos apenas 16 milhões em endividamento a médio/longo prazo», descreve o socialista. Não descartando o problema das Águas de Barcelos, com uma condenação judicial de 217 milhões, Costa Gomes afirma ser «um problema complicado, mas que será devidamente resolvido».
«Quando chegámos, olhámos mais para as freguesias. No último ciclo, poderemos olhar mais para a cidade», assegura, apontando à reabilitação do mercado municipal e à conclusão do eixo do nó de Santa Eugénia.