“Cá estaremos em 2018”, prometeu ontem à noite Pedro Passos Coelho, na Festa do Pontal. Ou seja, o presidente do PSD conta que a sua liderança ultrapassará as eleições autárquicas de outubro deste ano, o congresso do partido no primeiro trimestre do próximo ano, e regressará ao Pontal em 2018. Pelo menos assim prometeu num discurso de 50 minutos. “Cá estaremos”, assegurou, como que para tranquilizar a plateia.
No verão das autárquicas, Passos foi também ao Pontal rever a história da Constituição Portuguesa.
Na festa que representa a abertura do ano político do PSD, o seu líder não teve meias palavras nas críticas ao governo e, para isso, falou do passado político do país. “A ‘geringonça’ está a reinterpretar a nossa história constitucional”, apontou. “As revisões constitucionais essenciais para o Portugal moderno de hoje não seriam feitas com a ‘geringonça’”, garante Passos Coelho, sobre as revisões de 1982 e ’89, que abriram a economia nacional à Europa e ao investimento estrangeiro numa “verdadeira economia social de mercado”. Um “Portugal reformista”, com certeza, é o que defende Passos. “Cumprir o défice não chega para ganhar o futuro”.
Mas as críticas não ficaram por aí e centralizaram-se em António Costa. Sobre a entrevista que o primeiro-ministro deu este fim-de-semana, acusando a PT de ter feito colapsar o SIRESP, Passos estranha. No fim-de-semana da tragédia de Pedrógão Grande, António Costa “deu uma entrevista em que desvalorizava as falhas do SIRESP”. Este fim-de-semana, Costa deu uma entrevista em que acusa a PT das falhas do SIRESP e Passos diz não perceber. “A preocupação do primeiro-ministro é com o SIRESP ou é com a Altice?”, inquiriu.
“O primeiro-ministro, sabendo que o sistema que vem falhando tem a cara dele, pretendia minimizar os problemas do sistema. Afinal não, veio dizer que as falhas são graves e que podem trazer consequências para a população portuguesa”, denuncia o líder da oposição, que acrescentou que “o SIRESP foi aprovado pelo dr. António Costa quando era ministro da Administração Interna”. “Não vale a pena contar a história da origem do universo”, ironizou Passos, no púlpito do Pontal. “Depois do Tribunal de Contas ter inviabilizado aquele contrato, o dr. António Costa entendeu não lançar um novo concurso”.
O ex-primeiro-ministro insistiu na questão dos incêndios, lembrando que o PSD “chamou a atenção da necessidade de tirar lições do que se tinha passado e ter uma resposta adequada da Proteção Civil que tranquilizasse as pessoas”. No entanto, diz Passos, “a verdade é que o tempo passou e o que nos foi dado a ver é exatamente o oposto”. “Passam os meses e o país continua a arder”, constatou.
“A Proteção Civil existe como resposta que o Estado não pode deixar de providenciar para garantir que as pessoas possam ter maior segurança. Essa Proteção Civil continua a falhar”, acusou. “É patente a descoordenação. Sempre que ocorre alguma coisa mais imprevista, o que vemos no Governo é desresponsabilização, passa-culpas e acusações no meio do combate aos incêndios”.
Acusando a geringonça de “populismo e demagogia”, Pedro Passos Coelho saudou Marcelo Rebelo de Sousa por ter vetado o diploma aprovado pela maioria parlamentar de esquerda que impedia a Câmara Municipal de Lisboa de concessionar a Carris a empresas privadas. “O Presidente da República vetou, e muito bem, essa lei”, considerou.
Sobre a jornada que o partido se prepara para enfrentar até ao dia das eleições autárquicas, Passos diz que “não se exagera se se disser que as autárquicas lideradas pelo PSD estão na frente no modelo de desenvolvimento e crescimento no nosso país”.
“Dá-nos muito orgulho saber que somos úteis na nossa comunidade: quer no governo do país quer no governo das autárquicas locais” concluiu.