Duas marcas emblemáticas de cerveja de Coimbra – Topázio e Onyx – renasceram e voltaram a aparecer no mercado nacional. A responsabilidade é da Hoppy House Brewing, startup da Sociedade Central de Cervejas e da Praxis, produtora de cervejas artesanais. A missão é simples: «matar» o saudosismo que existia em torno destas marcas e entrar no quotidiano dos consumidores. «A Topázio e Onyx são marcas que fazem parte da história da cerveja em Portugal, e deixaram uma saudade marcada nas pessoas de Coimbra e em todos os que por lá passaram na época. Estudantes, antigos trabalhadores da fábrica de cervejas de Coimbra e seus familiares, e muitos proprietários e funcionários de pontos de venda ainda hoje relembram estas marcas e desejavam o seu regresso», revela ao b,i. Jaime Freitas, da Hoppy House Brewing.
Produzidas com a água de Coimbra e mantendo as suas receitas originais, estas duas cervejas prometem conservar o sabor e as características que as tornaram reconhecidas por todos os que passaram por esta cidade. «Estas duas marcas nunca abandonaram o imaginário dos conimbricenses. Além da óbvia ligação pela dimensão da fábrica de cervejas de Coimbra que tinha uma importante relevância social na região, as cervejas Topázio e Onyx eram consideradas cervejas de qualidade superior e um orgulho para a região», revela o responsável.
Aliada a isso há que contar com a qualidade da água de Coimbra. «Sendo uma água mole com pouca concentração de cálcio e magnésio, tem as características ideais para a produção de cervejas do estilo Lager, uma das principais razões associadas à qualidade e ao sucesso destas marcas», garante Jaime Freitas.
A juntar a isto há que contar ainda com a vontade que as pessoas tinham que estas duas marcas regressassem ao mercado nacional. Aliás, um estabelecimento de restauração e bebidas chegou a simular uma cerimónia fúnebre da última garrafa de Onyx, e ainda hoje tem um lápide na parede do estabelecimento com a menção «Eterna Saudade, Nascida a 9 de Maio de 1948, Veio a enterrar junto ao Porão a 18 de Junho de 2005».
Foco no mercado
O renascimento destas duas marcas representou um investimento superior a 500 mil euros em 2017 e, para já, o foco está no mercado de Coimbra. E Jaime Freitas explica ao b,i. o porquê desta estratégia. «O segmento de cervejas artesanais, apesar de estar em rápida expansão, é ainda muito pequeno em Portugal. Não queremos colocar para já uma ambição demasiado forte que possa colocar em causa a qualidade ou a própria operação que temos implementada com a Praxis», afirma.
Por isso mesmo e, tendo em conta a força das marcas na região centro do país, a ambição passa por fazer com que as vendas reflitam a relevância destas marcas, particularmente em Coimbra. Ainda assim, vão ser distribuídas a nível nacional, no canal Horeca [canal de distribuição na restauração] e na grande distribuição [super e hipermercados].
«Numa primeira fase queremos que estas cervejas façam novamente parte do quotidiano das pessoas de Coimbra. Esta é uma cidade muito particular, uma vez que tem uma população de estudantes de todo o país, e também estrangeiros, que passam pela cidade e levam com eles excelentes experiências e memórias. Queremos que estas marcas acompanhem este trajeto e que mantenham um valor emocional para os seus consumidores e seguidores», acrescenta.
A estratégia passou por procurar pontos de venda certos, ou seja, que sentissem uma forte ligação a estas marcas. A partir daí tornaram-se os seus primeiros embaixadores para que possam contar toda a história e tradição destas marcas.
Para já, Jaime Freitas faz um balanço positivo. «A aceitação tem sido muito boa, estamos presentes em mais de 300 pontos de venda e com excelente feedback relativamente à qualidade do produto e à imagem renovada da marca», diz.
O que é certo é que a aposta tem outras metas em vista. O responsável admite que é possível crescer noutras zonas do país. «A qualidade destas cervejas e o feedback que temos recebido ao longo destes primeiros dois meses no mercado dão-nos toda a confiança que estas cervejas poderão vender muito para além de Coimbra. Topázio e Onyx são cervejas artesanais Lagers, muito acessíveis, que poderão ser desfrutadas seja num momento de convívio com a família ou amigos, seja à refeição», revela.
Jaime Freitas admite que as cervejas artesanais estão na moda um pouco por todo o mundo. Portugal não é exceção e os portugueses estão a redescobrir o mundo da cerveja, seja através de novos estilos de cerveja ou de reinvenções de estilos mais convencionais. «O enorme fluxo de turistas que visitam o nosso país também tem dado um forte contributo, e os turistas querem normalmente experimentar produtos locais. É de esperar que Portugal siga esta tendência e que os próximos anos sejam de grande entusiasmo, inovação e sofisticação da categoria de cervejas», confessa o responsável.
Fórmula de sucesso
As cervejas são comercializadas em garrafas de 33 centilitros que mantêm o formato emblemático dos anos 1980 e uma imagem inspirada na origem da marca, mantendo o estilo e as referências à cidade de Coimbra. Também estão disponíveis em barris de 20 litros. A Topázio é uma cerveja do estilo Pilsner, com 5,6% de teor alcoólico, de cor dourada clara. Produzida com 100% malte cevada, caracteriza-se pelas notas de malte e pão e uma surpreendente doçura residual que contrasta com o ligeiro amargor que permanece na boca. Já a Onyx é uma cerveja do estilo Dark Lager, com 4,5% de teor alcoólico, de cor castanho muito escuro, com um aroma a malte torrado, um amargor a lembrar café e um final seco em boca.