Cascais é governada pela direita há mais de 15 anos e não é fácil a tarefa dos socialistas que apostaram numa figura nacional para disputar a câmara com Carlos Carreiras. OPSD quer reforçar a maioria e combater a abstenção, que ultrapassou os 60% nas últimas eleições autárquicas, em 2013.
«O nosso grande adversário é haver a perceção no concelho de que as eleições já estão ganhas, mas só estão ganhas se as pessoas forem votar», diz Carlos Carreiras, presidente da câmara desde 2011 e recandidato pela coligação PSD/CDS.
Carreiras, que foi o coordenador nacional do PSD nestas eleições autárquicas e ex-vice-presidente do partido, considera que o que está em causa nesta eleição é «uma opção entre avançar ou retroceder já que o modelo do PS é um retrocesso à anterior gestão socialista da câmara». O autarca refere-se à gestão de José Luís Judas que governou Cascais antes de António Capucho, em 2001, conquistar a câmara aos socialistas.
Sócrates, Passos e Miguel Relvas na campanha eleitoral
A política nacional não tem sido alheia à campanha autárquica neste concelho. Carreiras é um apoiante incondicional de Passos Coelho. Gabriela Canavilhas foi ministra da Cultura de José Sócrates. A candidata socialista, numa entrevista ao Jornal Económico, afirmou que, em Cascais, o PSD é «uma espécie de fusão de um certo cavaquismo moribundo com uma futilidade ardilosa de Miguel Relvas. Há ali um casamento daquilo que Miguel Relvas representa no PSD com um cavaquismo de outro tempo».
Às críticas da deputada socialista sobre a proximidade com Passos Coelho, Carreiras responde com a garantia de que prefere é «uma honra» ser apoiante do ex-primeiro-ministro. «Para mim é uma honra poder ser considerado um amigo de Passos Coelho. [Gabriela Canavilhas] chegou a dizer, há pouco tempo, que tinha uma enorme admiração por José Sócrates. Tenho orgulho em ser um admirador de Passos Coelho. Não teria nenhum orgulho em ser um apoiante ou um admirador de José Sócrates que é o caso dela», diz.
Carreiras diz que emprego e apoios sociais são prioridades
Carlos Carreiras garante que as prioridades, em Cascais, têm sido e vão continuar a ser «apostar na saúde, na educação e na segurança». O candidato do PSD promete ainda apresentar «um conjunto de programas para criar emprego» e uma «forte aposta na coesão social».
O autarca garante que foi feito um «investimento muito grande, devido à situação que se viveu de grande austeridade, a nível social , que iremos manter». Para Carreiras, «Cascais está bastante melhor do que estava há quatro anos e daqui a quatro anos estará ainda melhor. Nós conhecemos bem o concelho, temos orgulho no trabalho que realizamos, mas temos consciência dos problemas que estão por resolver».
‘Cascais deixou de ser ouvida’, diz Gabriela Canavilhas
A candidata socialista diz que «Cascais está atualmente fechada dentro de si própria. Nos últimos anos perdeu espaço nos palcos europeu, nacional e metropolitano. Cascais deixou de se ouvir, deixou de ser ouvida». A candidata do PS considera que «o brilho do litoral, do turismo de qualidade e das zonas residenciais tradicionais não ofuscam as profundas assimetrias de que padece Cascais».
Gabriela Canavilhas, numa carta que enviou aos eleitores do concelho nesta campanha eleitoral, defende que «Cascais deve dar prioridade às famílias com filhos, a melhor apoio escolar, à habitação para jovens, ao emprego qualificado, ao comércio de proximidade, a melhores transportes e a maior apoio para quem vive em dificuldades».
A socialista acaba a mensagem com uma referência à ‘geringonça’: «o PS demonstrou na condução do país, com sucesso, que afinal havia alternativa para melhorar a vida dos portugueses».
BI
Carlos Carreiras é presidente da Câmara Municipal de Cascais desde 2011. Foi escolhido por Passos Coelho para coordenar as eleições autárquicas deste ano a nível nacional. Foi vice-presidente do PSD e presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro. É presidente do Conselho Geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
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Foi ministra da Cultura de José Sócrates e Diretora Regional da Cultura do Governo Regional dos Açores. Atualmente, Gabriela Canavilhas é deputada do PS na Assembleia da República e pertence ao conselho de administração da Fundação Oriente. É pianista e foi presidente da Orquestra Metropolitana de Lisboa.