Kim Jong-un lançou no fim de semana um banquete em honra dos cientistas nucleares norte-coreanos que produziram a alegada bomba de hidrogénio detonada no passado sábado nos túneis do norte do país. A celebração deu-se no aniversário do regime, também sábado, num dia em que a comunidade internacional aguardava por um novo disparo de míssil ou, pior, mais um teste nuclear.
Contra o esperado, Kim nada disparou ou detonou. Organizou, isso sim, uma enorme fotografia de grupo e um espetáculo sobre o qual nada se sabe ao certo. Acima de tudo, o jovem ditador norte-coreano elogiou dois responsáveis nos grandes programas militares: Ri Hong-sop, o homem à frente do programa nuclear: e Hong Sung-mu, vice-diretor das indústrias de munição.
Os dois – nas palavras da emissora estatal KCNA – “produziram um auspicioso e grande evento na história nacional, um acontecimento extraordinário com o teste perfeito da bomba H”.
Não houve nova provocação, mas o mundo responde ainda àquela que foi a sexta e maior explosão nuclear na história do regime. Ainda não se sabe ao certo se o explosivo foi realmente uma bomba de hidrogénio, como afirma o regime – algo que representaria um avanço exponencial no poder de destruição. Sabe-se, porém, que o impacto foi superior a 100 quilotoneladas e que teve à volta de oito vezes o poder da bomba largada pelos norte-americanos em Hiroshima, em 1945.
Alertas e diálogo
Angela Merkel, numa entrevista publicada este domingo, defende a via do diálogo com o regime norte-coreano, um caminho que não é consensual e que o presidente norte-americano, Donald Trump, diz rejeitar – embora alguns dos seus responsáveis o contrariem nesse tema.
“Diria imediatamente que sim se me pedissem para entrar em negociações”, disse a chanceler alemã, a caminho da reeleição nas eleições no final do mês. A líder alemã dá como exemplo as negociações com o Irão, em que participou com os Estados Unidos, Rússia, China, França e União Europeia.
“Imagino um formato desses para sentenciar o conflito da Coreia do Norte”, defendeu ao semanário “Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung”. “A Alemanha deveria estar a postos para fazer uma contribuição muito ativa”, sentenciou.
António Guterres não aponta a um caminho específico para a resolução norte-coreana, mas, também numa entrevista publicada este domingo, diz que o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve estar unido e que há risco de a guerra começar por algum tipo de negligência.
“Até hoje, tivemos guerras que começaram através de uma decisão bem pensada”, afirmou o secretário-geral da ONU ao semanário francês “Journal du Dimanche”. “Mas também sabemos que se iniciaram outros conflitos ao fim de agravamentos causados por sonambulismo”, alertou.
“Temos de esperar que a seriedade desta ameaça nos coloque no caminho da razão antes que seja demasiado tarde.”