Teixeira Duarte. Carteira de obras em Lisboa sobe com aposta na reabilitação

Construtora continua a apresentar prejuízos e só no primeiro semestre as perdas foram superiores a nove milhões

Nos primeiros seis meses do ano, a Teixeira Duarte contava com uma carteira de encomendas para o setor da construção de quase dois mil milhões de euros. Mas é o mercado externo o grande impulsionador da atividade da empresa e, apesar de ter reduzido o seu peso, continua a representar 82,8% do volume de negócios da construtora. Ainda assim, Portugal registou um aumento de 6,3% no primeiro semestre do ano face a igual período do ano passado, o que, segundo a empresa, “revela o bom desempenho do mercado privado da construção”.

A construtora está desta forma a beneficiar do movimento de recuperação do setor. E isso é visível pelos últimos dados da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas, que diz que o aumento da atividade se verifica nos vários segmentos do setor e se deve “ao forte dinamismo tanto no mercado imobiliário, particularmente o residencial, como no mercado das obras públicas”.

Segundo a FEPICOP, verificou–se um crescimento de 26%, até junho, no número de fogos novos licenciados, para perto de sete mil fogos em termos acumulados nos primeiros seis meses do ano. Ao mesmo tempo tem-se verificado uma melhoria no mercado das obras públicas que tem sido ainda mais intensa, com aumentos de 84% e 88%, respetivamente, no valor dos concursos públicos promovidos e valor dos contratos celebrados, até julho de 2017 e face ao mesmo período do ano anterior.

As obras em Lisboa não escapam a esta tendência e a marca Teixeira Duarte está patente em várias obras da capital. Um desses casos é a nova unidade da CUF, em Alcântara. O espaço vai contar com mais de 75 mil metros quadrados, terá seis pisos acima do solo e quatro subterrâneos, três dos quais destinados a estacionamento (800 lugares).

Outro exemplo nas ruas da capital é o Edifício Liberdade 40. Trata-se de um edifício misto de habitação e comércio situado em pleno coração da Avenida da Liberdade e conta com mais de sete pisos totalmente reabilitados.

Mas as obras a cargo da construtora não ficam por aqui. Também na zona do Marquês de Pombal conta com três obras de reabilitação: Marquês de Pombal, Camilo Castelo Branco e Barata Salgueiro.

Apesar dos projetos em mãos, a construtora não conseguiu apresentar resultados positivos nos primeiros seis meses do ano. Ainda assim, apresentou um resultado líquido negativo de 9,09 milhões de euros, o que compara de forma favorável com os prejuízos de 35,77 milhões de euros registados um ano antes.

A verdade é que esta melhoria de resultados não está relacionada diretamente com a atividade construtora. Deve-se sobretudo às menores perdas com variações cambiais e com a participação acionista que a TD detém no BCP.

Em junho deste ano, as diferenças cambiais eram negativas em três milhões de euros, um valor bem inferior aos 23,7 milhões de euros negativos registados nos primeiros seis meses do ano passado.

Já as imparidades com a participação acionista no BCP foram de cinco milhões de euros no primeiro semestre deste ano, quando no mesmo período do ano passado as perdas tinham sido de 14,8 milhões de euros.

Alienação

A construtora tem em curso a transmissão do ramo de negócio do Lagoas Park para uma sociedade por si detida a 100% e especificamente constituída para esse efeito, “planeando a posterior alienação de capital desta sua participada durante o corrente exercício”, revelou.

Outra aposta da Teixeira Duarte é reduzir a dívida, que em setembro do ano passado totalizava 1166 milhões de euros e tem passado pelo programa de venda de ações da empresa. Desde o início de junho já vendeu cerca de 600 mil títulos – numa média de 10 mil por dia –, uma operação que permitiu um encaixe na ordem dos 230 mil euros.

Um dos compradores foi Manuel Maria de Ponte Teixeira Duarte, filho do administrador da Teixeira Duarte Manuel Maria Calainho de Azevedo Teixeira Duarte, que passou a deter 42 mil ações da empresa, revelou, no final de agosto, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Antes desta aquisição não detinha ações da empresa.

Ainda assim, a Teixeira Duarte – Sociedade Gestora de Participações Sociais (TD SGPS) continua a deter 48,31% do capital, uma vez que as ações alienadas desde o início de junho correspondem apenas a 0,14% do capital.

A aposta da construtora para este ano continua a ser o mercado estrangeiro, com especial enfoque no Brasil e Argélia, enquanto em 2019 a maior parte dos projetos de obras com maior peso irão decorrer na Argélia e Venezuela.