Há caça às bruxas na cidade de Lisboa. Ontem, PS e CDS trocaram galhardetes sobre a polémica que afetou Fernando Medina, presidente e recandidato à Câmara de Lisboa, no que diz respeito à compra da sua casa a uma familiar da mesma empresa a que o município adjudicou diretamente mais de cinco milhões de euros.
Medina havia acusado a denúncia anónima ao Ministério Público de ter origem partidária – “foram também feitas chegar por mão de candidaturas adversárias a jornais” – e manifestado a sua “profunda indignação”. Quem não gostou da acusação foi Assunção Cristas, a líder e candidata do CDS-PP a Lisboa. Ontem, numa ação de campanha em Arroios, afirmou que não aceita “o manto de suspeição” que Fernando Medina “veio lançar sobre todas as candidaturas”.
“À justiça o que é da justiça, à política o que é da política. Portanto, não fazemos política com base nestes casos, mas também tenho de dizer ao senhor presidente da Câmara de Lisboa que não aceitamos o manto de suspeição que ontem veio lançar sobre todas as candidaturas quando referiu que haveria influências partidárias”, disse Assunção, confirmando o já noticiado pelo i sobre a direita não tencionar utilizar a controvérsia na campanha eleitoral.
Medina, que não especificou que “candidaturas adversárias” poderiam ter orquestrado a polémica, atirou: “Podem tentar, mas não vão conseguir porque nós não vamos desistir desta campanha e de fazer desta campanha aquilo que ela deve ser.” Ontem, Cristas procurou demarcar-se da questão, rotulando a afirmação do socialista como “grave”.
“Da parte do CDS, não temos nada a ver, rejeitamos, mas acho que é grave, porque de repente 11 candidaturas ficam sob suspeita. O que nos interessa, como sempre fizemos, é discutir ideias, é discutir prioridades para a cidade de Lisboa. Ando no terreno há mais de um ano e é isso que tenho feito”, afirmou Cristas à comunicação social.
A caça às bruxas
Ao que i apurou, a estrutura local do PS tem executado diligências no sentido de averiguar os responsáveis pela turbulência e as suspeitas recaem, mais concretamente, nos partidos à sua direita: o CDS (de Cristas) e o PSD (cuja candidata é Teresa Leal Coelho). Embora a social-democrata tenha sido rápida a dar o benefício da dúvida a Medina (“[Ele] tem uma visão da sociedade também na defesa da transparência e do escrutínio”), o aparelho laranja também não está livre das suspeitas do Partido Socialista da capital.
Cobardes, diz o PS
Duarte Cordeiro, vice-presidente de Medina no executivo camarário, escreveu ontem nas redes sociais que ficou “claro que quem pensou, organizou este ataque pessoal, em cima das eleições autárquicas, não tem a coragem de se mostrar”, e que ficou também “claro que foi um partido adversário que preparou este momento”, acusando-o de “cobardia”.
“Fica claro que este método caracteriza bem a cobardia e a incapacidade de lutar na arena política, apresentando alternativas e discutindo ideias”, acrescentou o número 2 dos socialistas em Lisboa.
Para Cordeiro, Fernando Medina “divulgou, com total transparência, todos os aspetos relativos à compra da sua casa” e “não se furtou a prestar todos os esclarecimentos e a responder a todas as perguntas da comunicação social”.
“O Fernando Medina só passou por isto porque estamos em campanha eleitoral”, considerou ainda Duarte Cordeiro no parágrafo conclusivo.