Coreia do Norte. Guerra não é ‘um cenário realista’

O professor Rui Saraiva, da universidade japonesa de Hosei, duvida, ainda assim, que Pyongyang possa voltar às negociações.

Rui Saraiva é professor de Ciência Política na Universidade de Hoisei, em Tóquio, e tem acompanhado  de perto a escalada de tensão na vizinha Coreia do Norte.

Em declarações ao SOL, o académico português reconhece que, apesar de «ser difícil fazer uma previsão precisa do que vai acontecer no curto, médio ou longo prazo», tendo em conta a «constante mudança» das variáveis em cima da mesa, a  «opção da via diplomática poderá não ser realisticamente possível», face às posições cada vez mais extremadas dos vários atores em jogo.

De qualquer forma, o professor   também não vê «uma guerra entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, o Japão e os EUA», como um «cenário realista». «O mais provável é um regresso ao statu quo anterior», vaticina.

Rui Saraiva descreve o mais recente ensaio balístico de Pyongyang como «o seguimento de uma estratégia de segurança nacional, desenvolvida há vários anos, que passa pelo fortalecimento do seu poder militar, incluindo a obtenção de armas de destruição maciça» e lembra que essa mesma estratégia assenta em dois principais reptos: «Assegurar a sobrevivência do regime e prevenir qualquer intromissão de outras potências regionais e globais».

O docente universitário destaca ainda a influência da crise coreana no processo de persuasão da população, liderada pelo Primeiro-Ministro japonês, Shinzo Abe, no que toca à reformulação do artigo 9º da Constituição, que obriga o país a renunciar à guerra e a manter forças armadas tradicionais. «A ‘normalização’ do Japão parece agora possível aos olhos da maioria dos japoneses», afirma.