O Supremo Tribunal do Iraque ordenou a suspensão do referendo à independência curda agendado para a próxima semana. A ordem, anunciada esta segunda-feira a pedido do governo de Haider al-Abadi, coincidiu com o começo de exercícios militares turcos junto à fronteira do Curdistão e a avisos iranianos sobre os riscos para a segurança que a consulta pode representar.
“O Supremo Tribunal emitiu uma ordem para suspender a realização do referendo agendado para o dia 25 de setembro até que sejam examinadas as queixas sobre a sua inconstitucionalidade”, lia-se numa nota publicada esta segunda pelo governo, no primeiro dia em que acionou mecanismos legais para impedir uma consulta que muito bem pode precipitar um novo conflito armado no território – quando a guerra ao Estado Islâmico ainda não está terminada.
Ao final da tarde desta segunda-feira, o governo semi-autónomo curdo não respondera ainda às ordens da capital, mas os seus líderes vêm insistindo que nada pode travar a consulta. Na sexta-feira, os deputados curdos aprovaram a realização do referendo apesar do boicote do maior partido da oposição, que apoia a independência mas argumenta que deve avançar numa altura menos tensa.
O presidente do Curdistão, Massoud Barzani, que não se pode candidatar às eleições de 1 de novembro, diz que a região está pronta para defender militarmente a consulta. Barzani diz também que a independência não avançará de imediato com o voto “sim”.
O Iraque pode ver o seu território fragmentado – algumas regiões disputadas e ricas em petróleo podem ficar fora das suas mãos –, mas a consulta é particularmente um barril de pólvora para os governos turco e iraniano, ambos com minorias curdas próprias com maiores ou menores aspirações à auto-determinação.
“Qualquer tentativa que ameace a nossa segurança nacional, vinda de dentro ou fora do país, receberá uma retaliação na mesma moeda”, assegurava esta segunda-feira o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim. Já Ali Shamkhani, do Conselho de Segurança Nacional do Irão, sugeriu um corte na com os curdos iraquianos.