Compra da TVI não visa “interesse público”

O presidente da Sonae considera que a compra da dona da TVI pela dono do MEO não visa “o interesse público”, uma vez que junta o maior grupo de comunicação social (Media Capital) ao maior grupo de telecomunicações (Altice).

"Infelizmente tive muitas vezes de lutar contra teias tecidas por ligações entre o poder económico, o poder político e poder mediático que não visavam o interesse público e penso que esta operação configuraria uma situação que se prestaria muito a isso voltar a acontecer de uma forma bastante mais grave", alertou Paulo Azevedo.

O gestor, que falava à saída de uma reunião na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), lembrou que se trata de “juntar a propriedade do maior grupo de comunicação social com o maior grupo de telecomunicações e hoje os grupos de telecomunicações são o canal que está entre os consumidores e a comunicação social".

O presidente da Sonae, citado pela agência Lusa, considera que este negócio é uma ameaça à pluralidade de informação, uma vez que afeta "o sistema político, o pluralismo desse sistema político e a resiliência e a sustentabilidade da democracia e da sociedade civil portuguesa".

Segundo Paulo Azevedo, um parecer favorável da ERC ao negócio – o parecer da ERC é vinculativo – “seria muito grave para a saúde da democracia e da sociedade portuguesa".

A meio de julho a Altice anunciou que chegou a acordo com a Prisa para comprar a Media Capital. A compra foi acertada no valor de 440 milhões de euros e faz parte da estratégia global do grupo, que passa por oferecer uma maior oferta de produtos e formatos aos consumidores.