“A Anita vai a Lisboa” ou “A Assunção também sabe aspirar”? Nenhum dos livros está venda, pelo menos em papel. Mas esta semana deram-se alegorias do género.
Assunção Cristas, presidente do CDS-PP, publicou nas suas páginas oficiais em rede social uma imagem de um livro da coletânea “Anita”, alterando o título para “Cristas também sabe aspirar” e acrescentando o comentário “Certamente que Lisboa precisa de uma aspiradela!” seguido de várias ‘emojis’ [carinhas animadas] sorridentes.
Não é novo
Nunca foi tema consensual. Já quando Assunção Cristas era ministra da Agricultura, o modo como levava consigo a família – filhos e marido – em visitas e ações políticas causava alguns anticorpos na direção do CDS-PP.
Hoje, é ela a líder e Assunção não mudou um centímetro. Ser mulher – e ser mulher de família – é algo que não esconde nem deixa de usar como arma política. Embora casada com um militante do PSD, são várias as entrevistas dadas a revistas sociais em que fala sobre a dinâmica familiar (da divisão de tarefas em casa à relação da família com a religião católica) e os eventos também sociais ou políticos em que surge ao lado do conjugue social-democrata.
Agora como candidata a presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a estratégia manteve-se. Nas últimas semanas de campanha eleitoral, Cristas não hesitou em fazer uso das redes sociais com elevado sentido de humor ou com evidentes referências aos seus hábitos domésticos.
Este domingo, mais uma vez nas redes sociais, colocou uma fotografia sua a coser um remendo com agulha e linho. A legenda, desta vez, era: “Quanto estamos na estrada e surge um imprevisto de última hora. Nada que não se resolva”. Os ‘emojis’ também lá estavam.
As reações internas à publicação de “Cristas também sabe aspirar” pela própria são distintas no tom, mas similares na forma: silenciosas. O que, atentando às sondagens positivas que a candidatura da líder vai acumulando, não surpreende.
Por um lado, uns vêem a publicação como uma forma de responder à algumas críticas que a esquerda lhe tem dirigido e até a alguma displicência com que o primeiro-ministro (“Aquela senhora”; “almoçamos um peixe grelhado”) se lhe dirige. Outros vêem a abordagem contrastar com a responsabilidade do cargo que Cristas tem, não como candidata, mas como líder partidária.
Independentemente disso, e das aventuras e desventuras rodoviárias vividas na semana final de campanha – de passeios de mota a ser multada pela EMEL – a presidente centrista teve ontem direito a elogios e apoio de Paulo Portas, seu antecessor e o homem que a levou para o CDS.
É a melhor candidata
Não unânime no aparelho – coisa que mudará consoante o resultado de dia 1 – Assunção Cristas recebeu ontem o ‘endorsement’ do homem que o dominou durante mais de dez anos: Paulo Portas.
Já sendo antes público que o antigo líder do CDS iria juntar-se presencialmente à candidatura nos dias finais antes da ida às urnas, Portas foi breve e resumiu-se tematicamente a esta.
“Preparou-se, como aliás é seu apanágio, tecnicamente e com tempo. Foi a todo o lado e sabe do que está a falar. Por isso, é a melhor candidata e merece, não a abstenção, mas a convicção no próximo domingo”, considerou Portas sobre Anita – perdão, sobre Assunção Cristas.