"Não quero estar a julgar antecipadamente sem ouvir as explicações que o senhor primeiro-ministro há de ter certamente." Foi assim que Assunção Cristas defendeu o apuramento "com muito rigor" da decisão de António Costa de não levantar o segredo de Estado no processo das secretas.
A líder do CDS-PP acredita que Costa tem explicações "de forma sustentada e sólida" para a decisão, até porque "estamos a falar de uma matéria muitíssimo sensível, hoje em dia até mais sensível do que noutros tempos, em que por exemplo, não tínhamos a ameaça constante do terrorismo", afirmou.
O primeiro momento do apuramento que Cristas sugere será o do debate quinzenal com o primeiro-ministro, agendado para 4 de outubro. Porém, Assunção Cristas não exclui outros instrumentos para conseguir de António Costa "boas explicações", uma vez que são um "tipo de atitude que causa alguma estranheza".
Como o primeiro-ministro indeferiu o pedido do Ministério Público para o levantamento do segredo de Estado, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal do Ministério Público proferiu, esta quarta-feira, um despacho para o arquivamento no inquérito que teve origem numa certidão extraída do Processo das Secretas.
"Face a este indeferimento, o Ministério Público viu-se impossibilitado de realizar outras diligências investigatórias, uma vez que, necessariamente, viriam a colidir com aquela classificação", pode ler-se no documento, segundo a Lusa.
Assunção Cristas afirmou ainda que "nós não podemos admitir no nosso país que haja escutas que não cumpram absolutamente aquilo que vem na lei".