Guerra de preços em Portugal e Espanha trama Monarch Airlines

Líder da empresa diz que a crise da companhia começou com a mudança de fluxos turísticos

A palavra terrorismo chegou ao dia-a-dia da Europa como nunca tinha acontecido antes. Com ataques em diferentes países do centro europeu, a sensação de segurança acaba por ditar os destinos escolhidos quando chega a hora de viajar. Com os fluxos turísticos a mudar, há países que registam crescimentos fora do normal em comparação com o que era a realidade há uns anos. Entre eles está Portugal. E é exatamente este cenário que tem precipitado uma forte concorrência em destinos que são considerados seguros. De acordo com o CEO da Monarch Airlines, a queda da empresa está relacionada acima de tudo com o esmagamento de preços. 

Em entrevista ao programa “Today” da BBC Radio, Andrew Swaffield explicou que a guerra entre as transportadoras aéreas para transportar passageiros para destinos como Portugal foi um dos principais motivos da falência. Para o CEO, é importante destacar que os graves problemas da empresa começaram entre 2010 e 2012, altura em que milhares de turistas começaram a fugir de destinos como Egito, Tunísia ou Turquia.

Além disso, tendo em conta a informação do site anna.aero, a concorrência em muitos dos destinos passou a ser cada mais forte. A Thomson, por exemplo, servia diretamente mais de 60 das 104 rotas da companhia aérea. 

“Os voos estavam a ser encurtados para um menor número de destinos e a redução de 25% nos preços dos bilhetes nas nossas rotas criou um desafio económico massivo na nossa rede de curta distância”, justificou Andrew Swaffield.

Passageiros em terra

De acordo com a Reuters, a empresa entrou em falência e cancelou todos os voos que tinha marcados para o dia de ontem, deixando 110 mil passageiros sem voo de regresso. Além disso, foram canceladas de imediato 300 mil reservas.

Agora, as autoridades britânicas terão de levar a cabo a maior operação em tempo de paz de repatriamento de cidadãos, que ficaram sem meio de transporte para o regresso. Para isso, a Autoridade de Aviação Civil vai ter de alugar mais de 30 aviões. De acordo com Chris Grayling, ministro britânico dos Transportes, têm sido feitos vários contactos de forma a perceber se é possível que outras companhias integrem alguns dos colaboradores da Monarch Airlines. 

A situação desta companhia aérea britânica vem juntar-se a outras que viram as contas complicarem-se. Nas últimas semanas, tanto a Air Berlin como a Alitalia anunciaram igualmente que tinham entrado em insolvência. Os problemas invocados por estas transportadoras estão relacionados com as férias dos pilotos, que também têm dado que falar na Ryanair, que já cancelou voos até março do próximo ano. Sofia Martins Santos