Afonso Pimentel: ‘Houve alturas em que tomei decisões apenas e só movidas pelo ego’

Avenida da Liberdade, numa esplanada qualquer. Sol, pombos, um homem que fala sozinho, gente a pedir. Contar histórias é saber que se esta entrevista fosse ficção havia de ter tudo isto. Diz Afonso Pimentel. Ator, realizador, tudo certo para lhe ir dar às mãos este Luís Ávila, aspirante a cineasta que aos 30 ainda não…

Avenida da Liberdade, numa esplanada qualquer. Sol, pombos, um homem que fala sozinho, gente a pedir. Contar histórias é saber que se esta entrevista fosse ficção havia de ter tudo isto. Diz Afonso Pimentel. Ator, realizador, tudo certo para lhe ir dar às mãos este Luís Ávila, aspirante a cineasta que aos 30 ainda não saiu do YouTube – ou não tinha saído nesta manhã de setembro em que tínhamos visto apenas o primeiro episódio de País Irmão, a nova série da RTP, que segunda-feira, às 21h, vai para o quarto. E se entrevistas em cafés mais depressa dão em conversas, esta quase se fez sozinha.

Chegas a esta nova série da RTP, País Irmão, logo depois de teres feito o Perdidos, um filme também realizado pelo Sérgio Graciano. Está a ficar um caso sério este?

No País Irmão as peças são muito boas. Atores bom, um texto bom, mas acho que o segredo disto é o Sérgio Graciano. Estudei Comunicação e fui estagiar para a Endemol, em realização, e o Sérgio era um dos realizadores que estavam lá. Depois fiquei quase três anos a realizar lá, portanto conhecia o Sérgio daí, e conhecia-o de igual para igual. A primeira vez que trabalhámos juntos foi num filme há dois anos e meio, quando a minha filha nasceu. Depois aconteceu fazer o Perdidos, e agora isto. A minha admiração pelo Sérgio começa de igual para igual, a experiência de ver como ele dirige atores é muito recente – e ele é muito bom nisso. Estávamos a fazer o Perdidos e houve uma altura em que ficámos três dias parados com um alerta laranja. Os únicos barcos que estavam autorizados a movimentar-se eram os barcos militares, não havia forma, e eram 24 dias lá, que com folgas davam 18 dias de rodagem. Estivemos três dias parados e ele na boa. Mas na boa. Lembro-me de malta que não o conhecia perguntar se ele tinha consciência de como era perigoso não filmarmos. E ele tinha, mas o que ele sabe é gerir pessoas de uma forma incrível. E há pessoas que sabem fazer isso mas depois não sabem construir criativamente. Não é o caso. No País Irmão, o texto era bom, o elenco era bom, os ensaios correram bem, os décors eram fixes, a rodagem correu muito bem… mas nunca sabes como vai ser o produto final. Quando vi o primeiro episódio fiquei entusiasmado, a sério que fiquei, e acho mesmo que o segredo disto é o Sérgio e que ele merece que isso seja reconhecido. E também o Leonel [Vieira], que é um gajo que arrisca para caraças…

Sentes que há uma certa injustiça em relação ao Leonel Vieira quando se fala num filme comercial e se esquece tudo o resto que tem feito, como apostas na produção de projetos como o País Irmão ou a Filha da Lei, para falar nos mais recentes?

Esses filmes são precisos para criar indústria. Prefiro nem focar a coisa nessa questão de injustiça. As coisas vão crescendo de uma forma natural e as pessoas vão-se apercebendo, se quiserem. E a verdade é que estão a surgir projetos novos, projetos bons, e que muitos deles vêm da Stopline [a produtora de Leonel Vieira]. Deal with it. A cena é essa. E são coisas diferentes. A Filha da Lei é, para mim, das melhores séries que já cá foram feitas. Claro que tens outras que passaram mais à margem, como a Odisseia, que é incrível. 

Ou Os Filhos do Rock, da Stopline, com o Pedro Varela.

Os Filhos do Rock, sim. Encaixem. O produtor é o Leonel? O mesmo produtor dos outros filmes mais comerciais? É. Olha, então se calhar é um gajo que está em produzir em diferentes frentes, a ver o que funciona melhor, e que com uns cria público para outros.

O Perdidos foi um projeto importante nesse sentido de criar públicos para géneros que não têm sido explorados comercialmente?

Acho que foi. Podia ter tido um impacto maior se tivesse sido promovido de outra forma, se tivesse estreado noutra altura, se calhar. O perigo é se algum dia eu começar a falar do Perdidos como se fosse um filme de autor e se estiver convencido que aquilo é um filme de autor. Aquilo é um filme comercial que é muito melhor que o original com condições muito inferiores.

Isso é absolutamente verdade.

Não nos podemos estar sempre a queixar e a dizer que temos poucas condições e que por isso é que fizemos assim. Quando de repente fazes com pouco um projeto melhor do que um filme que teve um orçamento estúpido, então se calhar invistam um bocadinho mais. É preciso que os filmes comecem a ter retorno de sala e acredito que também tens que ter esse cinema. Não podes é ter só cinema comercial – ou cinema virado para o lado comercial, porque é perigoso também dividirmos as coisas dessa maneira. O comercial não é necessariamente mau. O São Jorge é um filme de autor mas que teve um impacto comercial.

O Marco Martins tem essa capacidade, que vem do Alice já.

Por ter público não passa a ser outra coisa. Tu estás a contar histórias. Eu brinco um bocadinho com os meus alunos lá no Porto.

Dás aulas de quê exatamente?

Um módulo chamado Oficina de Representação para Câmara na ACE (Academia Contemporânea do Espetáculo). E o que eu lhes digo é que independentemente de estares a escrever, a realizar ou a representar, estás a contar uma história. És o avô à lareira com o neto. Se a meio o puto se quer ir embora, das duas uma: ou não gosta daquilo e tem outros interesses ou então estás a contar mal. Só há estas duas hipóteses. Nós temos que aceitar que as pessoas possam ter outros interesses e temos que ter a consciência que podemos estar nós a contar mal a história. E uma história pode ser mais densa ou mais leve, o que tens é que modelar a forma como a contas para captar o interesse das pessoas. Tens que ter momentos de relaxe para a seguir poderes aguentar os momentos de tensão ou de drama. Isso não quer dizer que ponhas alguém a cair depois de uma cena dramática, mas se calhar precisas de aliviar de uma forma satírica ou de outra, e essa curva narrativa, essa diferença de mood quando contas a história difere de filme para filme. Mas acredito que em qualquer filme bom, em qualquer história boa, essa curva tem que existir. Não podes ter um filme todo em drama ou um filme todo em altas.

E voltamos ao País Irmão, que caminha por um terreno híbrido no género. O Sérgio dizia-me há dias que, pretensiosismos à parte, estou a citar, acreditava que tinham chegado com esta série a uma nova forma de comédia portuguesa. E isto está a ser promovido como uma comédia, mas não é bem. Ou não será só, seguramente.

Isto não é uma comédia. Concordo e mais uma vez digo que há aqui duas pessoas de que tem que se falar. Primeiro o Leonel por ter a coragem de apostar nestes formatos diferentes e de depois ter a capacidade de delegar, porque depois ele entrega os projetos e dá bastante liberdade.

Sim, isso vê-se no resultado dos projetos.

Há muitos sítios em que tens 20 realizadores e no final o produto é todo igual porque há uma fórmula e tem que ser assim. Aqui não. Ele é um produtor presente até ao momento em que tem que estar e isso é algo que tem que ser louvado. É preciso dares esse espaço e ele dá. E depois é o Sérgio que cria, de forma consciente, não é por acaso, esta linguagem diferente. E quando tens os próprios autores a dizer que isto até funcionou…

Pois, não faltam exemplos de bons guiões destruídos.

Era fácil estragar esta série. Podias fazer isto tudo para a graçola. O Sérgio tem uma coisa que é obrigar-te àquela coisa do saíres da tua zona de conforto. Mas a verdade é que 90% das cenas com que cheguei nunca ficaram da maneira que as apresentei. Nunca. Chegava, batíamos o texto, eu fazia, ele dizia ‘Ok, mas e se experimentássemos fazer assim?’ E de repente até descobríamos coisas juntos. Mas ele era o catalisador para descobrirmos coisas juntos. Sempre. Ou porque as apresentava ou porque em conjunto nos obrigava a descobrir coisas novas. Ele vai criando, propõe e deixa que os atores proponham. E essa linguagem, pretensiosismos à parte também, se é única não sei, mas é uma linguagem fresca e nova no sentido em que não estamos habituados a ela. É uma linguagem que te permite rir, sorrir, pensar e criticar e isso é uma coisa que acho que é muito difícil de se fazer.

E se também achas que não é uma comédia isto, é o quê para ti?

Acho que é uma sátira social, política. Li há pouco tempo uma crítica em que se falava de hiperrealismo. Gosto muito pouco de carimbar as coisas desta forma, mas acho que é um bocado. Nós hoje aqui já falámos de coisas sérias, já sorrimos, já rimos. Porque a vida… Não acho que a ficção tenha que ser igual à vida, mas tens que te identificar com aquilo que estás a ver. Tens que ter vontade de olhar para o gajo que está atrás de ti e que é estranhíssimo em que ainda não reparaste mas hás de reparar e que te apetece ver, há uma pomba ali que acabou de cagar em cima da mesa… Se estiver aqui a falar contigo e se de repente tenho aquela pomba que está ali e que realmente cagou em cima da mesa…

[Risos]

Se tiver esse tipo de coisas que acontecem, podemos estar a ter uma conversa super séria, aquilo aconteceu, foi o comic relief da coisa e tu não retiraste a atenção daqui. Esta série tem muito isso. O sorrires não com a desgraça mas com a ironia da coisa. Nunca vais rir às gargalhadas… há cenas em que vais mas que são mais para a frente e quando já ganhaste o público e porque as pessoas já gostam da personagem. A série é muito realista e tu identificas-te com aquilo.

No primeiro episódio há aquela em que estás na cama a mandar mensagens à tua namorada [Bárbara Branco], mas ela não responde. E depois passas para o sexting e tiras uma foto. E ela continua sem responder e de repente aquilo transforma-se em toda uma cena de vergonha e de um ridículo pelo qual, de uma maneira ou de outra, já todos passámos.

Pois, é ridículo mas de repente já fizeste. Essa cena é um bom exemplo, porque é daquelas cenas que quando li só pensei ‘como é que este gajo vai fazer isto’. E lembro-me de estar a fazer a cena e de o Sérgio me dizer: ‘Não se percebe que estás a tirar e fotografia, não se percebe’. E depois criou-se o mito de que as fotos tinham sido tiradas para o telemóvel de cena.

Falavas há pouco em seguir personagens. Esta história está muito construída assim, atrás de cada uma delas, e são muitas.

É muito fixe quando estás a ler olhares para o primeiro, para o segundo [episódios] e chegares e se retirares os nomes das personagens já sabes quem elas são e quem é que está a dizer o quê. É uma coisa que é rara. [Dirige o olhar para o mesmo homem que atrás de nós] E agora está a falar sozinho… Percebeste já?

[Risos]

Tens que vir para aqui, isto é tão mais divertido deste lado. Eu quando realizava em novela…

… tu que saltas de um lado para o outro da câmara, sentes da mesma maneira que é importante um realizador compreender o trabalho dos atores para melhor os dirigir, também para a um ator ajuda saber o que é estar atrás da câmara?

Ajuda-me muito mais do que me complica. Já várias vezes me perguntaram isso e acho que quanto mais respondo mais certezas tenho naquilo que estou a dizer. Para mim, na minha experiência. Ajuda-me muito ter uma consciência do tipo de planos que está a ser feito, da forma como isso poderá depois ser montado, e ajuda-me por outra coisa que às vezes digo lá aos putos: se eu souber que tipo de plano estou a fazer, se está fechado na cara ou o corpo inteiro, conto mais facilmente a história. Se quiser dar alguma tensão ou ansiedade, se [o plano] estiver fechado na minha cara serve-me de muito pouco estar a abanar o pé que não se vê. Outra coisa que lhes digo muitas vezes também é que não deixem que isso se transforme no foco da coisa. Porque depois há também atores que estão sempre a perguntar. Arranjem formas de descobrir isso. Basta olhar para o tipo de lente para se perceber que tipo de plano é que está. A mim ajuda-me. E quando confias no realizador ou na equipa técnica, a partir daí largas. Acho que isso tudo ajuda se – e voltamos à questão dos egos – tu souberes o que estás a fazer. Ali estou apenas e só como ator. Mas há muita gente que propõe, atores que não têm sequer uma consciência técnica. 

Esse teu percurso ajudou-te de alguma forma na construção desta tua personagem do País Irmão, o Luís Ávila?

Pouco. Foi uma coisa que me disseram no início e que depois descobrimos que não é bem assim. 

Porquê?

Eu decidi e aceitei fazer isto antes de ler guiões por três coisas: porque era produzido pela Stopline e sabia que ia ser diferente daquilo que estava a fazer, porque era realizado pelo Sérgio Graciano com quem queria muito voltar a trabalhar, e porque era uma coisa em que íamos ao Brasil. É tão direto quanto isto. Portanto, tudo o que veio a seguir foram só surpresas muito boas. Quando o Sérgio me veio falar sobre a personagem, disse-me que era um argumentista e tal, que era porreiro porque podia ter coisas em comum comigo… Mas depois descobrimos que não. Porque eu comecei com muitas coisas minhas de há muitos anos atrás – a utopia, aquela coisa de achar que as coisas têm que ser feitas e a garra do ou é assim ou não é, não vou abdicar…

Aquela ideia do viver a vida como uma obra de arte.

Sim. Tu escreveste aquilo daquela maneira e aquilo ou é feito com quatro pessoas e como tu escreveste, ou não. Esse processo de aprenderes que tens que ceder e que ceder não é necessariamente venderes aos outros mas é crescer e adaptares-te – e é uma fronteira muito ténue, bem sei. Entre cederes porque estás a tentar salvar o couro e queres é continuar a trabalhar e fazes o que te impõem ou cederes por realmente perceberes que há uma ideia melhor e que o caminho pode ser mais interessante. E isso foi algo que aprendi há uns anos e que nesta série este Luís Ávila tem. Esse será o ponto em comum. Tudo o resto são coisas que foram criadas. Não acho que [a personagem] tenha muito a ver comigo para além disso, daquela vontade inicial de levares a tua coisa criativa até ao fim. Acho que nunca disse que não queria ouvir opiniões dos outros, mas andei lá perto, no início. É aquilo de achares que é a tua coisa, de seres tu que assinas. Só que como também comecei a fazer coisas muito novo…

Mas chegaste mesmo a ser essa pessoa nalgum ponto, revês-te assim tanto nisto?

Não é identificar-me com isso, acho é que todos temos momentos mais estúpidos na vida, momentos mais cegos, se quiseres, e acho que já houve alturas em que tomei decisões que foram decisões apenas e só movidas pelo ego. E que se revelaram uma merda. A minha sorte é que comecei a tomar essas decisões muito cedo e que cedo percebi que não funcionavam. Tenho um ego muito grande e tenho consciência disso, por isso policio-me. Conheceres-te e teres noção das tuas limitações e dos teus handicaps ajuda-te a crescer muito mais do que a consciência das coisas boas.

Mais do que uma consciência dos defeitos, uma consciência do que nos desequilibra, não é?

É uma coisa que fui descobrindo. E há uma coisa que não diria geracional mas que vês cada vez mais à descarada hoje em dia que é as pessoas defenderem as suas qualidades como forma de crescimento. É muito mais interessante aperceberes-te dos teus defeitos. Não é uma automutilação, é só perceberes que uma coisa não funciona, que não é por aí.

A ideia do falhar melhor de Beckett.

Exatamente. Este Luís Ávila tem um bocado isso, dilatado ao longo da série toda para teres uma noção maior do crescimento deste gajo. Que é o gajo que diz ao pai [José Raposo] que nas aulas está sempre a mandar bocas aos alunos que não percebem nada de novela ou de como se escreve uma novela mas que depois, quando está sentado numa sala de produção, baixa as calcinhas. E a verdade – e o que ele vai descobrir – é que isso não tem que ser necessariamente baixar as calcinhas mas que mais vale jogares o mesmo jogo e adaptares-te para conseguires ter o teu espaço para criares e cresceres. Porque tens duas hipóteses: ou vais para o Bairro Alto fumar brocas e dizer como é que tu farias, ou pegas numa câmara e fazes.

E aí vamos ver se sabes fazer.

E aí vamos ver. E aí tens que te adaptar e tens mesmo. Ou então fazes umas coisas para ti, umbigueiras, que até podem ter um sucesso do caraças num festival qualquer, pequeno ou grande. Depois tens novelas muito extremadas, chapa B, que não interessam, mas tens produtos comerciais que são bem feitos. Na Floribella, o primeiro projeto da Floribella que fiz, há coisas que me orgulho de ter feito. Era um projeto pop, comercial, para crianças. Depois aquilo descambou, mas houve ali coisas que sim. Voltando à realização, quando comecei a realizar ficção em televisão tive muitos atores, colegas meus, que me perguntavam por que é que estava a realizar novela, que era uma merda, e eu ‘Sim. Estou a ter a hipótese de fazer diferente’. Se não conseguir fazer diferente ou é porque o octógono não te deixa fazer de uma forma diferente ou porque te faltam ferramentas para tentar fazer diferente naquelas condições. E muita coisa de novela que me orgulhei de fazer. Como outras a que tive que me adaptar porque tinham que ser feitas.

Tens dito sempre em muitas entrevistas que nunca tiveste uma consciência de que era isto – não a realização, ser ator – o que querias fazer.

Nunca tive e vou-me esquecendo. Dito de outra forma, de vez em quando vou-me lembrando. De vez em quando tenho aquela coisa do ‘Ah, era por causa disto’. Um bocadinho em tudo na minha vida vou-me adaptando às coisas à medida que elas vão aparecendo. É assim que quero aprender a viver e tenho-me focado nisso. Nunca fiz grandes planificações, não. As coisas têm acontecido. É isso que te permite que te vás surpreendendo.

Como o Adeus, Pai, onde isto tudo começou.

Sim, foi um anúncio para um casting na televisão. Sempre gostei de brincar com máquinas fotográficas e com câmaras e havia em 1994 muito poucos making-ofs a passar na TV e não havia internet, lembro-me de ver aquilo e de pensar que me queria inscrever só conhecer os gajos e ver se me deixavam assistir à rodagem. 

Não querias de todo ser ator?

Eu fazia coisinhas minhas mas perdia muito tempo com coisas em stop motion ou coisas com os meus primos… Eu não era aquele gajo que se filmava a ele próprio. Quando digo que tenho um ego muito grande não é nesse sentido. Não é um ego de que gosto muito de mim, é um querer que as coisas corram bem, se quiseres. E então era uma coisa de conhecer coisas. E foi muito fixe porque tive a sorte de ser um filme do Luís Filipe Rocha, que para mim é, se quiseres, a representação de um homem. Que é forte mas que é doce. Que te dirige ao ouvido. Que sem te rebentar a tua bolha te falava aqui [colado à cara]. Foi muito importante para a minha forma de lidar hoje em dia com a profissão, daquelas pessoas que se cruzam contigo na vida e que ficam na tua cabeça para sempre.