Após o crescimento de 2,9% no primeiro semestre, o Banco de Portugal (BdP) revela que o PIB deverá desacelerar no segundo semestre deste ano para os 2%, devido ao abrandamento das exportações. Face a isso, o órgão liderado por Carlos Costa mantém a meta de crescimento da economia portuguesa em 2,5% este ano, mantendo assim as projeções avançadas há três meses.
A explicação está nas exportações, que crescem menos do que o previsto. O BdP prevê agora que aumentem 7,1%, e não 9,6 como anteviu antes, revelam os dados divulgados pelo Boletim Económico de outubro. Ainda assim, o crescimento deste ano coloca a economia portuguesa a crescer 0,3 pontos percentuais acima do esperado na zona euro, “interrompendo a tendência de divergência real registada desde 2000”.
No entanto, o Banco de Portugal sublinha que “o nível do PIB em 2017 é 1,5% inferior ao de 2008”, anterior à recessão provocada pela última crise financeira internacional.
“A atual recuperação económica assenta num maior dinamismo da formação bruta de capital fixo [o investimento], cujo crescimento projetado para 2017 é de 8%, e na reorientação de recursos produtivos para setores mais expostos à concorrência internacional, com as exportações de bens e serviços a crescerem aproximadamente 7% em 2017, situando-se cerca de 44% acima do valor observado em 2008”, explica o documento do órgão regulador.
Meta do défice alcançável
Para o Banco de Portugal, “o cumprimento do objetivo estipulado para o défice orçamental no Programa de Estabilidade é claramente alcançável”. Ainda assim, deixa um alerta: as regras europeias que obrigam a um esforço de ajustamento estrutural de 0,6% não deverão ser cumpridas.
Segundo o relatório, excluindo o efeito das medidas temporárias aplicadas em 2016 e previstas para este ano, o ministro das Finanças, Mário Centeno, está comprometido com um corte de 0,7 pontos percentuais no défice. No entanto, a redução observada nos primeiros seis meses de 2017 face ao mesmo período do ano passado já foi “mais significativa do que a prevista para o ano completo”.
Já em relação à dívida pública, o BdP diz que é possível acabar o ano com cerca de 244,1 mil milhões de euros. Mas faz uma chamada de atenção: “A incerteza nas previsões para a evolução da dívida pública é sempre bastante elevada. No entanto, a conjugação dos elementos acima descritos sugere que a redução da dívida implícita na estimativa oficial para este ano parece exequível”, diz o documento.
Desemprego
Já quanto ao mercado de trabalho, o boletim afirma que a recuperação está a ser marcada por um bom dinamismo da criação de emprego – 3,3% em termos homólogos no primeiro semestre –, sem pressões salariais, apesar dos aumentos do salário mínimo e das reposições salariais no Estado.
A taxa de desemprego foi revista em baixa face ao valor de junho, de 9,4% para 9%, isto apesar da manutenção da previsão de crescimento. Quanto ao emprego, a estimativa é que cresça 3,1% no conjunto de 2017 (e não 2,4%).