China. Um livro para elevar Xin Jinping aos patamares de Mao e de Deng

Um grupo de dez académicos chineses teve dois anos para escrever um livro com o pensamento de Xi

Um conjunto de académicos chineses foi incumbido há dois anos da missão de compilar em livro o pensamento político do presidente da China, Xi Jinping, a tempo do congresso do Partido Comunista Chinês, que começa na próxima quarta-feira. Tudo para os militantes e a população em geral compreenderem a visão do seu líder. Objetivo: conquistar os corações e mentes dos chineses com a sua governação até agora e o que o futuro reserva. Dois anos depois, a tarefa está concluída. 

Tudo começou quando He Yiting, vice-presidente da instituição de formação de quadros do partido, recebeu uma chamada a encomendar-lhe o projeto de investigar, analisar e sintetizar a abordagem à governação do atual presidente, descrevendo-a de forma a qualquer membro do Partido Comunista Chinês a entender facilmente.

Experiente especialista em ideologia e propaganda com 24 anos no Gabinete de Pesquisa de Políticas Centrais, onde já trabalhou como assessor político e como escritor de discursos, He já viu chegar e partir três presidentes. Para o ajudar chamou outros nove académicos da Escola Central do Partido, instituição que forma os mais altos dirigentes nacionais, escolhidos tanto pelos seus conhecimentos como pelas gerações a que pertencem, tendo o mais novo pouco mais de 30 anos e o mais velho cerca de 80.

Desde o primeiro momento que o livro passou a ser o principal foco do Gabinete de Pesquisa de Políticas Centrais. Mas os pormenores do projeto só agora começam a vir a público, à medida que o partido se prepara para o próximo congresso, que deverá solidificar a liderança de Xi Jinping, colocando-a no mesmo patamar das de Mao Tsé- -Tung e de Deng Xiaoping.

Comparação que não é fácil de atingir: o primeiro foi o líder da Revolução Chinesa e fundador da República Popular da China e o segundo o grande reformador do país, utilizando princípios económicos do capitalismo para adaptar a China aos novos paradigmas da globalização.