Os serviços de emergência somalis calculavam esta segunda-feira já terem recebido mais de 300 mortos causados pelo grande ataque terrorista de sábado numa das ruas mais movimentadas da capital, Mogadíscio. Este valor deve crescer nos próximos dias e o mais provável é que nunca se descubra o número real de vítimas.
O governo atualizou de manhã o número de vítimas para os 276, mas, passadas algumas horas, o diretor do serviço de ambulâncias, Abdikadir Abdirahman, afirmou que os veículos de emergência já haviam transportado mais de 300 cadáveres. Mais de cem corpos encontravam-se tão decompostos que foram sepultados em valas não identificadas.
“O número total de mortes deve ser muito maior, uma vez que ainda há algumas pessoas desaparecidas”, disse ao jornal britânico “Guardian”, afirmando que o calor gerado pelas explosões pode ter destruído por completo alguns cadáveres. Um pouco por toda a capital vão-se realizando dezenas de enterros apressados.
O atentado de sábado não é apenas o maior alguma vez registado na História da Somália, em guerra aberta nos últimos dez anos contra o grupo islamista da al-Shabaab. É também um dos mais sangrentos dos últimos anos em todo o mundo. O registo de vítimas é tão vasto que não se sabe por completo o número de feridos, que rondará as centenas.
“Hoje perdi o meu filho, que tanto me era querido”, contava esta segunda Muna Haj, uma somali de 36 anos, ao “Guardian”. “Os opressores roubaram-lhe a vida. Odeio-os. Que Alá dê paciência às famílias que perderam pessoas amadas nesta explosão trágica. E rezo que um dia Alá leve Justiça aos que perpretaram este ato malvado.”
Os detalhes da dupla-explosão de sábado começam a vir à tona. Quando antes se pensava que as explosões haviam sido cometidas por dois camiões-bomba conduzidos por suicidas – todos acusam a al-Shabaab –, sabe-se agora que só um dos veículos estava de facto pejado com material explosivo. O outro, uma cisterna, explodiu por acidente.
As duas detonações ocorreram numa das vias mais concorridas da capital, onde se encontram o Ministério dos Negócios Estrangeiros, por exemplo, e a Universidade Nacional. Os terroristas parecem ter querido atingir o primeiro. O camião foi parado pela polícia, mas fugiu ao controlo acelerando, embatendo contra uma barreira e explodindo em seguida.
Nesse momento, uma cisterna estacionada perto do local do ataque incendiou-se e explodiu também, criando uma bola de fogo maior do que a da primeira detonação. Um edifício ruiu por completo e outros ficaram parcial ou severamente destruídos. O calor gerado por esta explosão parece ter sido o que mais estragos causou no atentado de sábado.