"Vão de férias" e "Todos a Belém" são os nomes dos dois protestos organizados para hoje em Belém, em frente à residência oficial do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Os dois eventos foram criados no Facebook e, entretanto, uniram-se. "Juntos fazemos mais barulho", lê-se nos detalhes do evento “Vão de férias”.
"O que me levou a organizar este protesto foi o desejo de fazer perceber ao senhor Presidente que os portugueses, entre os quais me incluo, estão profundamente desagradados com o que está a suceder", diz Paulo Gorjão, 48 anos, organizador do protesto "Todos a Belém". E vai mais longe, defendendo que os portugueses "esperam do Presidente uma posição em sua defesa, o que passa, por exemplo, pela exoneração da ministra" da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.
Jorge Santos, de 35 anos e à frente do protesto "Vão de Férias", explica que o que motivou a iniciativa foi "ter ouvido o Primeiro-Ministro, na conferência de imprensa, com palavras frias, com ligeireza, sem lamentações, com imenso calculismo político". "Literalmente saltei do sofá, completamente revoltado com a situação, e num impulso espontâneo criei um evento, ao qual juntei mais três amigos como co-autores", conta ao i.
Neste momento, os dois eventos contam já com mais de 2 mil presenças confirmadas no Facebook, e cerca de 7 mil demonstraram interesse em juntar-se à manifestação. Mas para os organizadores o número de pessoas presentes não é o mais importante. "Temos de dar a volta a isto e sair à rua, mesmo que sejamos um punhado de pessoas para a próxima seremos mais e mais", defende Jorge. "Temos de acabar com esta inércia e são estes movimentos espontâneos e genuínos que se calhar são precisos", acrescenta. Para Paulo, “chegou a hora do senhor Presidente exercer o seu poder da palavra e exigir consequências políticas ao senhor primeiro-ministro”. “Chega de selfies, beijos e abraços”, defende.
Jorge é enólogo e teve um incêndio perto das suas vinhas que se apagou no decorrer da noite com a diminuição da temperatura, mas tal como Paulo – professor universitário – não conhece vítimas dos incêndios nem sofreu perdas materiais. O que os moveu foi, sim, um "exercício de cidadania", nas palavras de Paulo. "É preciso salvar as pessoas e é nisso que o Estado está a falhar", afirma por sua vez Jorge.