Luís Montenegro apoiaria uma moção de censura do PSD

O ex-líder parlamentar admitiu-o durante uma reunião de bancada, à porta fechada.

Luís Montenegro concordou ontem com a ideia de uma moção de censura ao governo apresentada pelo PSD.

A proposta foi feita por um dos deputados sociais-democratas numa reunião do grupo parlamentar, à porta fechada. Montenegro não interveio formalmente sobre o tema, mas concordou audivelmente com o ponto defendido.

Já no programa em que é convidado semanal na TSF, também ontem, afirmou que o partido votaria favoravelmente a moção de censura apresentada pelo CDS-PP, dizendo que “há um juízo de censura política inevitável [ao governo], que tem de ser muito duro, perante um comportamento de ligeireza e incompetência [do governo]”. A veemência das críticas já deixava transparecer que Montenegro via a necessidade de António Costa, primeiro-
-ministro, ser confrontado com uma moção de censura – sendo do PSD, naturalmente, que de preferência (ou também) por via do PSD.

Longe da primeira fila para as televisões do parlamento, mas ainda na primeira fila dos influenciadores do partido, Montenegro já não é só um ex-líder parlamentar, é o homem que muitos quiseram que sucedesse a Pedro Passos Coelho. A sua palavra ainda conta. E ontem, na reunião da bancada, vários deputados intervieram, inclusivamente o próprio, ainda que somente com propostas temáticas para o debate quinzenal. Paulo Neves, parlamentar madeirense, defendeu mesmo a necessidade de o Partido Social Democrata assumir a moção de censura como uma iniciativa sua, não votando só a do CDS. Ao que o i apurou, Montenegro também não está distante dessa ordem de pensamento.

Numa altura em que os “laranjinhas” anteciparam o congresso para acelerarem a sua mudança de presidente (Passos anunciou que não se recandidatava após a derrota autárquica), a liderança da oposição tem sido discretamente reclamada por Assunção Cristas. O i sabe que deputados do PSD não pretendem facilitar essa reivindicação e que isso também transpareceu em conversas na reunião de ontem.

Passos, ainda presidente do partido, falou, finalmente, no mesmo dia. Depois de Marcelo e Costa, o antigo primeiro-ministro considerou “que o primeiro–ministro não tem condições para inspirar confiança ao país de que seja capaz de fazer o contrário do que fez até hoje” e que “este governo não merece uma segunda oportunidade, porque deitou fora todas as oportunidades para mostrar que tinha sentido do dever”.

“Como cidadão, já não é como presidente do PSD, eu sinto vergonha pelo que se passou no país nestes meses. Nunca pensei que houvesse um governo que se comportasse desta maneira”, assumiu o líder da oposição.