João Galamba, porta-voz do artido Socialista, reagiu com realismo ao discurso em que o Presidente da República falou sobre os incêndios que vitimaram mais de quarenta pessoas no fim-de-semana passado. Marcelo Rebelo de Sousa exigiu à Assembleia da República que clarificasse o seu apoio ao Governo e deixou claro que «pensar no médio ou longo prazo não significa convivermos com estas tragédias», numa referência evidente ao facto de as reações de António Costa à tragédia conterem consistentemente referências a reformas para «dez anos».
O primeiro-ministro foi criticado na praça pública pela forma como reagiu às perdas humanas nos fogos mais recentes e Galamba não deixou de reconhecer que Costa esteve «aquém» do devido, embora acompanhe o secretário-geral do partido na defesa dessas reformas necessárias.
No programa Sem Moderação, do Canal Q, em que é residente, Galamba considerou que «Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou um momento mais infeliz do governo – e do primeiro-ministro em particular – para se impor, para reforçar a sua própria autoridade».
O deputado do PS disse ainda que viu no discurso do chefe de Estado uma «tentativa de que se façam mudanças a sério» e também «uma oportunidade de Marcelo reforçar a sua autoridade e a sua popularidade, não no mau sentido, mas enquanto referência nacional para quem os portugueses olham».