Foi o ex-líder do PSD (numa troika dirigente) e antigo ministro de Passos Coelho, Rui Machete, que abriu ontem a apresentação da candidatura de Pedro Santana Lopes. Ao i, afirmou que Santana “é um homem que fala de uma maneira que as pessoas entendem, sobre matérias que as pessoas reconhecem que são verdadeiramente importantes e que lhes dizem respeito”.
Machete, que preside à comissão de honra da candidatura, começou por pedir um minuto de silêncio solene em homenagem às vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande e também do último fim-de-semana, iniciativa depois louvada por Santana.
Para Machete, a eleição para a liderança do PSD diz respeito “ao bom funcionamento do sistema democrático e ao futuro do nosso país”. Destacou as qualidades carismáticas de Pedro Santana Lopes, “que chamaram a atenção do Francisco Sá Carneiro”. “O Francisco sempre prezou as qualidades do Pedro”, lembrou Machete, contemporâneo de ambos. “Com Pedro Santana Lopes como presidente do partido”, Machete acredita que há maior e melhor probabilidade do “partido voltar ao governo” e retomar “a construção de uma sociedade aberta e humanista”.
Além do histórico do PSD, estiveram presentes dirigentes distritais, autarcas e parlamentares: Nuno Serra, presidente do PSD de Santarém, anfitrião e vice-presidente do grupo parlamentar, outros membros da direção da bancada como Carlos Abreu Amorim e Sérgio Azevedo, que já haviam declarado apoio; os deputados Duarte Marques, Cristóvão Crespo, Nilza Sena, Joana Barata Lopes e Fernando Negrão marcaram presença. Pedro Pinto, amigo de longa data de Santana e presidente da distrital de Lisboa, o seu vice Ângelo Pereira e a deputada municipal Virgínia Estorninho estiveram, assim como outras figuras da estrutura, como Rui Gomes da Silva, veterano santanista, e Carlos Eduardo Reis, dirigente nacional que, segundo o Expresso, integrará com Gomes da Silva um grupo de revisão estatutária no congresso de janeiro. Em 2008, fora porta-voz da juventude de Santana.
A presença mais simbólica contou com cumprimento especial: Conceição Monteiro, secretária pessoal de Francisco Sá Carneiro, veio apoiar Santana.
Ao i, Abreu Amorim, que foi dos primeiros membros do grupo parlamentar a apoiar Santana, diz que a candidatura traz uma “clarificação necessária”, na medida em que “havia muita gente a meio da ponte”, sendo necessária “uma tomada de posição” como aquela em torno da candidatura de Santana Lopes. Para Abreu Amorim, “era preciso acabar com a névoa em que o partido ficou no dia 1 de outubro” e foi isso que o discurso de Santana, ontem, trouxe.
O deputado Miguel Santos, por sua vez, afirmou ao i que “Pedro Santana Lopes conseguirá agregar o partido, muito mais que o candidato Rui Rio”. “Tem todas as condições para isso porque conhece muito melhor o partido, as bases e os militantes anónimos. Rio passou um tempo muito dedicado à Câmara do Porto; Santana seria melhor líder do partido porque conhece melhor o partido”.
Santos, que se considera “um homem do centro-esquerda”, apreciou o discurso de Santana pelo foco “nas áreas sociais”. “Rui Rio foca-se quase somente nas contas públicas, no défice, no superávite que ‘já devia haver’. Eu acho isso óptimo, mas não chega”.