Assistentes do parlamento francês tinham lista negra sobre deputados predadores sexuais

Não é a primeira vez que o parlamento francês se encontra no centro de alegações de assédio sexual

Mulheres assistentes do parlamento francês tinham uma lista negra verbal composta por deputados que consideravam ser predadores sexuais, afirmou Marine Tondelier, uma ex-assistente no órgão de soberania. 

As assistentes comunicavam entre si durante o pequeno-almoço e almoço para se alertarem sobre quais os deputados com os quais não deveriam ficar em espaços fechados sozinhas, como, por exemplo, elevadores. "Existia o risco de acariciarem o nosso rabo, um risco de problems", afirmou Tondelier. 

A lista não era escrita, mas sim um conjunto de "conselhos informais trocados na cantina, em refeições, ao final da tarde".

Marine Tondelier afirmou ainda que certos deputados estavam "bebâdos de poder" e que a política lhes acentuava a "tendência para dominarem". "Quando eles ficam longe de casa por três dias, quase que ir para Paris faz com que eles percam as inibições, coloca-os num temperamento de férias", complementou a ex-assistente.

Na sequência das recentes eleições francesas para a Assembleia Nacional entraram muitos deputados novos, entre os quais 233 mulheres, um recorde na História do país. Na composição anterior o parlamento tinha 155 mulheres deputadas.

Casos de assédio sexual no parlamento francês

Em 2016, o partido francês Os Verdes foi assolado por alegações de assédio sexual e o deputado Denis Baupin, vice-presidente da Assembleia Nacional francesa, foi obrigado a demitir-se. Quatro mulheres suas colegas alegavam ter sido vítimas de assédio sexual, acusações que o deputado negou.

Um outro caso contou com a intervenção da então ministra do Meio Ambiente francesa, Ségolène Royal, que confessou ter lidado com um caso de assédio sexual no seu ministério que lhe tinha sido escondido. "Uma vez que descobri não perdi tempo" e que tomou conhecimento que "um relatório havia sido escrito, depois escondido e o autor tinha sido posto de lado", disse. "É o que acontece quando os responsáveis abafam o caso", asseverou.

Desde que o escândalo das inúmeras vítimas de assédio sexual do produtor de Hollywood, Harvey Weinstein, se tornou público que se tem assistido ao aumento do número de denúncias de casos de assédio sexual no local de trabalho.