Os Golden State Warriors perderam três jogos em sete. Os Cleveland Cavaliers perderam quatro, todos de seguida, contra os Orlando Magic, Brooklyn Nets, New Orleans Pelicans e New York Knicks, algumas das formações mais desvalorizadas desta temporada. Os Warriors, campeões em título e consensualmente considerados a melhor equipa da liga – não é difícil encontrar quem vá mais longe –, venceram três das suas quatro vitórias no último período, compensando desvantagens grandes e pequenas. Os Cavaliers estão em 27.º lugar na competência defensiva. Os Golden State ocupam o 26.º posto. E só há 30 equipas na NBA.
As duas equipas que travaram as três últimas finais da NBA e que, no papel e no talento estão nas melhores condições para o fazerem pela quarta vez, estão em maus lençóis no início desta temporada. Há motivos para dizer, para além disso, que os Cavaliers de LeBron James e os Warriors de Steph Curry e Kevin Durant melhoraram os plantéis do último ano para este. Apesar disso, os dois favoritos tropeçam jogo sim, jogo não, frequentemente, em particular no caso dos Warriors, com partidas objetivamente mal jogadas. No último jogo, na madrugada deste domingo, por exemplo, os Golden State perderam a bola em erros não forçados 26 vezes.
A pergunta impõe-se em vários adeptos. Ao fim de sete jogos, chegou a altura de deitar as previsões ao lixo e escolher dois novos favoritos para chegarem à final desta temporada?
After their loss to the Knicks tonight, the Cavs are now 10th in the Eastern Conference… pic.twitter.com/UBcVJ6ivuU
— Bleacher Report (@BleacherReport) October 30, 2017
Muito provavelmente, não.
Os Golden State Warriors e os Cleveland Cavaliers jogaram mais 17 jogos que as outras 28 equipas da NBA no ano passado. Essa, afinal de contas, é simultaneamente a virtude e prejuízo de chegar às finais. Em relação aos semi-finalistas, por exemplo, isso significou cerca de meio mês a menos de descanso na pré-temporada. Para as equipas que caíram na primeira ronda dos playoffs, por outro lado, a diferença é de dois meses. Somam-se mais dez dias de diferença para a metade da NBA que nem pôs os pés na pós-temporada.
Estas diferenças são especialmente cruciais este ano. A temporada 2017-2018 começou duas semanas mais cedo do que o habitual – a liga quer reduzir o número de jogos seguidos, em parte para abater nas lesões e, por outro lado, para tentar que os melhores jogadores se sentem no banco em dias de grandes jogos na televisão nacional. Para além disso, faltam muitos jogos: cada temporada tem 82.
Borrifando-se
Este fator explica apenas uma parte do problema dos Warriors e Cavaliers, mas parece ser a razão pela qual outros favoritos estão em dificuldades.
Os Oklahoma City, por exemplo, que acrescentaram Paul George e Carmelo Anthony ao plantel – dois dos melhores jogadores na liga –, perderam tantos jogos quantos ganharam: três. A equipa pode estar a sentir dificuldade em integrar os novos elementos, mas os San Antonio Spurs, uma das equipas mais estáveis, competentes e a que conta com aquele que é considerado o melhor treinador na NBA, Gregg Popovich, perderam os dois últimos jogos (esta segunda-feira estavam 4-2).
Aqui surge a segunda explicação. Citando Tim Bontemps, o analista de basquetebol do “Washington Post”. “Tanto [Tyron] Lue como [Steve] Kerr, depois de as suas equipas se terem encontrado nas últimas três finais, deparam-se com o mesmo e invulgarmente nítido problema: as suas equipas estão-se simplesmente borrifando.”
Se os Cavaliers estão a tentar construir uma nova equipa depois da saída de Kyrie Irving, o seu base all-star, e têm, por isso, alguma margem de derrotas, não se encontram justificações dessas para os Golden State.
Steve Kerr on the Warriors' reliance that, late in games, they can just flip it on and why karma bit them tonight pic.twitter.com/cRndH3orEL
— Anthony Slater (@anthonyVslater) October 30, 2017
“Tivémos 16 ou mais perdas de bola não forçadas em cada um dos jogos deste ano”, disse esta segunda-feira o treinador dos Warriors, Steve Kerr, depois da última derrota em casa. “A dada altura, a bola vai ter que importar para alguma coisa. O jogo tem de importar o suficiente para nós o vencermos. As equipas vêm cá jogar com tudo o que têm e nós sabemo-lo. Todos tentam o melhor contra nós e, se não respondermos com energia, inteligência e disciplina, não vamos ganhar.”
Para Kerr, aliás, que não esquece que a equipa passou quase duas semanas na China no pouco tempo de que dispôs de pré-temporada, os Warriors nem deviam ter vencido o seu penúlitmo jogo – no final do quarto período, contra os Washington Wizards – também porque a equipa não se importou o suficiente.
“Só nos começámos a importar quando faltavam seis minutos, e imediatamente cortámos [o défice] para três pontos”, disse Kerr, sobre a derrota contra os Detroit Pistons, que se insere no grupo das equipas surpreendentemente boas no início desta termporada – como os New Orleans Pelicans, por exemplo, os Clippers ou os Minnesota Timberwolves. “A equipa correta venceu. O karma funcionou bem esta noite.”
Quanto aos Cavaliers, LeBron não se preocupa. "Em que mês estamos?", lançou a estrela da liga na madrugada desta segunda-feira. "O que é? Outubro? Não vou dar em louco agora. É uma temporada demasiado longa e já a fiz demasiadas vezes, por isso perguntam ao tipo errado. Estou demasiado otimista por esta altura."