Em apenas um ano, o preço das casas em Portugal subiu 6%. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Lisboa, Cascais, Loulé e Lagos são os municípios onde os preços praticados são agora os mais altos. Mas não são os únicos tendo em conta que há mais de 40 acima da mediana.
“O município de Lisboa apresentou o preço mais elevado (2231€/m2) e com valores acima de 1500€/m2 destacavam-se ainda os municípios de Cascais (1800€/m2), Loulé (1650€/m2) e Lagos (1555€/m2)”, explica o INE, acrescentando ainda que “no segundo trimestre de 2017 (últimos 12 meses), o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi 896 euros por metro quadrado”. Destacar ainda que, olhando ao pormenor para Lisboa, as freguesias de Santo António e da Misericórdia são de longe as que registaram os preços medianos mais elevados. Os preços são de 3294 e 3244 euros por metro quadrado, respetivamente, e representam as maiores subidas homólogas.
A análise do gabinete de estatísticas evidencia ainda que, comparando os preços da habitação ao nível local tendo em conta as transações feitas entre julho de 2016 e junho de 2017, os preços mais baixos dizem respeito à Serra da Estrela, Beiras, Alto Alentejo e Baixo Alentejo.
O destaque divulgado pelo INE mostra ainda que existem atualmente em Portugal 41 municípios com preços acima da mediana e há zonas, como o Algarve por exemplo, em que apenas dois concelhos ficam abaixo do valor nacional: Monchique e Alcoutim.
Mais: além dos 41 municípios com valor acima dos 896 euros por metro quadrado, existem 79 cujo preço se fixa já entre 600 e 896 euros. Fazendo a análise por regiões, o INE destaca os preços praticados na Madeira, Área Metropolitana de Lisboa e Algarve, todas com preços acima dos que são registado no resto do país.
A verdade é que o preço das casas em Portugal tem vindo a subir acima da média europeia. No início deste mês, os dados revelados pelo Eurostat mostravam que o preço das casas em Portugal continuou a aumentar acima da média durante o segundo trimestre do ano, quer em termos homólogos quer face ao trimestre anterior.
A análise destacava um aumento de 1,5% na zona euro e 1,8% na União Europeia, face ao primeiro trimestre, com Portugal a registar uma subida de 3,2%.
Na comparação em cadeia, face ao primeiro trimestre deste ano, as maiores subidas entre abril e junho foram registadas na Letónia (6,1%), Eslováquia (5,6%) e Roménia (4,9%) – protagonizando Portugal a oitava maior subida -, enquanto os maiores recuos nos preços tiveram lugar na Hungria (-1,5%) e Bélgica (-0,7%).
Já na comparação com o segundo trimestre de 2016, as maiores subidas foram observadas na República Checa (13,3%), Irlanda (10,6%) e na Lituânia (10,2%), tendo Portugal a sétima maior subida, enquanto os preços recuaram ligeiramente em Itália (-0,2%).
O aumento do preço das casas em Portugal tem sido de tal ordem que já fez com que Bruxelas tomasse posição. Em maio deste ano, a Comissão Europeia mostrou-se preocupada por considerar que a valorização acentuada do imobiliário pode estar a causar desequilíbrios na economia. A crescente preocupação tem vindo de braço dado com a crescente subida dos preços que, em 2016, chegou ao limite a partir do qual se considera que é preciso ficar atento a possíveis desequilíbrios.
De acordo com os dados da Comissão Europeia, só em 2016, o valor médio do imobiliário em Portugal já tinha aumentado 7,1%.
Maior aumento dos últimos anos
Pode mesmo dizer-se que o aumento que se tem feito sentir nos preços das casas em Portugal é o mais elevado desde 2001. De acordo com a Confidencial Imobiliário (Ci), o preço praticado no país cresceu 7,5% em setembro do ano passado em relação ao período homólogo.
Para encontrar uma valorização equivalente é preciso recuar cerca de 15 anos. Aliás, segundo a CI, este resultado vai de encontro ao que tinha sido avançado pelo Portuguese Housing Market Survey, onde o aumento acentuado dos preços ganhava destaque. Neste estudo, a subida média anual apontada para os próximos cinco anos era de 4%.
De acordo com Ricardo Guimarães, da CI, “a generalização da recuperação dos preços decorre da estabilização do sistema financeiro e do sucessivo incremento do crédito à habitação, mas também ao crescente desequilíbrio entre uma procura que continua a aumentar e a escassez de oferta adequada às famílias portuguesas, que estão hoje mais confiantes e descongelaram as suas decisões de compra”.
À margem do aumento de preços dos alojamentos familiares vendidos em Portugal, também se têm registado aumentos nas rendas. De acordo com os últimos dados da Century 21 Portugal, os primeiros seis meses do ano mostram que, durante este período, o valor médio de arrendamento, a nível nacional, se fixou nos 680 euros, o que revela um aumento de 10% face à média de 620 euros registada no mesmo período do ano anterior.