“Não há dia nenhum que não pense nisso”. António Ferreira, o militar da GNR que sobreviveu em 2016 a um disparo em Aguiar da Beira esteve esta sexta-feira no Trinunal da Guarda e recordou o que se passou naquele dia.
“Não há sentimentos que expliquem” o que sentiu quando Pedro Dias o obrigou a colocar o corpo do seu colega morto na bagageira do carro da GNR. António Ferreira explicou que este episódio deixou mazelas profundas e que ainda hoje é acompanhado por psiquiatras e psicólogos.
Para além disso, o militar da GNR explicou que as lesões físicas deixaram marcas irreversíveis: depois de ter ficado “dois meses e meio acamado em casa”, teve de ser acompanhado com regularidade pelos médicos. Mesmo assim, há marcas que ficarão consigo para sempre – António Ferrerira tem uma bala alojada na cervical e “os médicos têm medo de mexer” neste ponto, pois está “a um milímetro de provocar lesões permanentes”.
Pedro Dias acompanhou o depoimento do GNR através de uma videoconferência, depois de António Ferreira ter pedido para o arguido sair da sala durante o seu depoimento.
Recorde-se que Pedro Dias começou a ser julgado esta sexta-feira pela prática de três crimes de homicídio sob a forma consumada, três sob a forma tentada, três crimes de sequestro, um de roubo de automóvel, de armas da GNR e quantias em dinheiro e um de detenção, uso e porte de armas proibidas.