No dia em que se cumpre um ano da sua vitória sensacional nas eleições presidenciais norte-americanas, Donald Trump encontra-se fora de portas, em missão diplomática. Depois da passagem pelo Japão, onde se reuniu na segunda-feira com o primeiro-ministro Shinzo Abe, o presidente dos Estados Unidos marcou presença na Coreia do Sul e aterrou esta quarta-feira em Pequim, naquele que é o ponto mais alto do seu périplo pelo continente asiático.
O discurso no parlamento sul-coreano, de manhã, foi de resto o pontapé de saída para aquilo que o levou à China, da parte da tarde: pressionar Xi Jinping a tomar uma posição mais dura contra a Coreia do Norte, em resposta ao desenvolvimento do programa balístico e nuclear levado a cabo por Pyongyang.
Na assembleia de Seul, Trump surpreendeu pela seriedade do seu discurso. O presidente dos EUA não fez quaisquer menções às promessas de “lançar fogo e fúria” sobre os céus norte-coreanos, nem usou a célebre alusão ao “Little Rocket Man” (“Pequeno Homem Foguete”), quando se referiu a Kim Jong-un. Mas isso não o impediu de insistir uma postura de confrontação a Pyongyang e de ameaça ao regime.
“Não nos subestimem e não nos ponham à prova. A América não está à procura de conflito, mas nunca fugirá de um. Quem tiver dúvidas sobre a força ou determinação dos EUA deveria olhar para o nosso passado. Lutámos e morrermos duramente pela segurança”, disse o chefe de Estado norte-americano, que também aproveitou a ocasião para criticar diretamente o caminho seguido por Kim: “As armas que está a adquirir não o tornam mais seguro. Cada passo que dá neste caminho sombrio aumenta o perigo que enfrenta. A Coreia do Norte não é o paraíso que o seu avô [Kim Il-Sung] idealizou, é um inferno que ninguém merece”.
US President Trump to North Korea: "Do not underestimate us. And do not try us." https://t.co/aEiphBTiY7 pic.twitter.com/vZtHWkRZqo
— CNN International (@cnni) 8 de novembro de 2017
A solução proposta por Trump foi, então, a de chamar “todas as nações responsáveis” a isolar o regime, “incluindo a China e a Rússia”. E foi precisamente com essa mensagem no bolso que a comitiva norte-americana aterrou em Pequim, esta quarta à tarde. Trump quer que Xi se distancie do regime, que cumpra na íntegra as sanções impostas pelas Nações Unidas e que entre em cena para convencer Kim Jong-un a desnuclearizar o seu lado da península. “O presidente tem sido claro, essa questão está no topo da agenda”, confirmou ao Politico um membro da administração.
Para além da questão coreana, os dois líderes têm ainda previsto tratar de assuntos relacionados com o comércio, um dos temas que sempre suscitou mais críticas do norte-americano e que alimentou as suas divergências com o chinês. As ambições territoriais de Pequim no Mar Meridional da China, os direitos humanos e o autoritarismo chinês serão alguns dos elefantes na sala que os dois presidentes tenderão a evitar debater.
President Donald Trump and First Lady Melania Trump arrive in Beijing, China. #POTUSinAsia pic.twitter.com/IZs8HX4wDZ
— Department of State (@StateDept) November 8, 2017
Donald e Melania Trump foram recebidos por Xi Jingping e pela esposa na Cidade Proibida de Pequim, onde tiveram direito a uma visita exclusiva, e à noite assistiram a uma ópera. O programa turístico terminou esta quarta-feira e para quinta está prevista uma maratona de encontros bilaterais. A viagem pela Ásia tem paragens previstas no Vietname (sexta e sábado) e Filipinas (domingo).