Tudo está bem quando acaba bem. Não foi aquilo que se disse, mas é aquilo que se ouve. O presidencialmente reconhecido otimismo de António Costa continua aí. Questionado ontem sobre a relação do governo com a Comissão Europeia, o primeiro-ministro respondeu aos jornalistas que o eixo São Bento/Bruxelas nunca esteve tão bem. “Os comentários deste ano são francamente mais simpáticos e favoráveis do que foram em anos anteriores”, admitiu Costa em conversa com a SIC Notícias, ontem, na cimeira tecnológica que se realizou na capital. “Temos tido uma atitude de grande credibilidade junto da Comissão Europeia”, acrescentou depois o líder dos socialistas, recordando que “em anos anteriores superámos sempre as dificuldades.”
O ponto de contraste entre o tempo inaugural da atual solução de governo – com alguma desconfiança dos parceiros eurocéticos e até ameaça de sanções – e o tempo contemporâneo foi patente. “As dúvidas [da Comissão Europeia] que existem quanto à capacidade de execução [orçamental] já são apresentadas de uma forma sem tensão, sem grande dramaticidade.” Dito de outro modo: o pior já passou. Pelo menos, segundo António Costa, que considera que a “postura conservadora” de Bruxelas face às contas de cada Estado-membro se trata de algo “normal”.
“Se compararmos hoje os sinais dados pela União Europeia com os sinais dados em 2017 e 2016, vemos que estamos muito longe do nível de preocupação registado na altura”, diria mais tarde aos jornalistas presentes no evento.
Acerca das preocupações manifestadas pelo Conselho de Finanças Públicas, o primeiro-ministro também optou por considerá-las naturais. “Por natureza, o papel do Conselho de Finanças Públicas é ter uma visão conservadora e prudente relativamente ao futuro. É esse o seu papel. E no dia em que não for assim estamos mal”, disse também aos jornalistas, repetindo a ideia de que o governo “tem vencido sempre as expetativas negativas”.
“É natural que quem está a conduzir a viatura saiba bem como a vai conduzir. Quem está a observar a condução tem, obviamente, um ponto de vista diferente e não tem em conta todos os recursos que o condutor tem para guiar a viatura.” E o facto é que, até agora, não se deram acidentes.