O aumento extraordinário das pensões foi um dos temas que Vieira da Silva respondeu esta quinta-feira na comissão do Orçamento. Tanto a oposição como os parceiros do acordo parlamentar mostraram preocupação sobre a diferenciação entre o aumento de 6 euros para as pensões mais baixas e 10 euros para as restantes.
"Não vi na intervenção do senhor ministro, qualquer preocupação do que tem sido uma chamada de atenção do PSD para a injustiça que é criada para as pensões mais baixas das mais baixas", afirmou Clara Marques Mendes, deputada social-democrata, que considera um "situação de grande injustiça". A deputada questiona ministro sobre "qual é a razão de estes pensionistas serem descriminados?"
Vieira da Silva afirmou que "não há discriminação negativa" uma vez que "desta vez todos os pensionistas vão receber um aumento". O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social afirmou que "a explicação já foi dada muitas vezes", dirigindo-se diretamente à deputada Clara Marques Mendes, "se a senhora não quer entender, não sei o que faça".
"O que estamos a fazer com esta atualização extraordinária é aproximar numa lógica equilibrada os aumentos que são concedidos aos pensionistas", explicou Vieira da Silva.
Também da bancada do CDS vieram críticas e até acusações diretas ao ministro. "Sabemos que o senhor ministro estava no governo que congelou pensões", afirmou Filipe Anacoreta Correia. "Se não é o pai da austeridade, é o avô da austeridade" disse, citando uma frase do ministro datada de setembro de 2010 onde Vieira da Silva afirma que as "medidas de austeridade são fundamentais para a sustentabilidade do país".
O deputado centrista criticou o governo por estar a fazer "birra" e acusou o executivo de querer "vingança em relação a estas pessoas por elas terem sido beneficiadas por medida do anterior governo", acrescentando que o aumento não teria "impacto orçamental porque estaria incluído no complemento solidário para idosos"
Vieira da Silva acusou o CDS de estar preso ao passado. "Tudo deveria estar a correr mal porque os senhores não estão no governo, mas as coisas não estão a correr assim tão mal", acrescentou. "Não tenho nenhum problema com o passado", acrescentou Vieira da Silva, "não me condicionam, nem me amedrontam".
O Bloco de Esquerda e o PCP mostraram a sua preocupação com as reformas das "vítimas do Mota Soares", nome que a deputada comunista Diana Ferreira deu aos cidadãos que, ao pedirem acesso à reforma antecipada, viram a sua pensão cortada.
Há "uma amnésia do CDS do que são as suas responsabilidades nas reformas antecipadas", afirmou Diana Ferreira. José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda entra com números: "trabalhadores com pelo menos 30 anos de descontos que sofreram cortes que por vezes ultrapassaram os 50%, 60%, que ficaram com pouco mais de 200 euros depois de uma vida de trabalho". O deputado relembrou que, por terem menos de 65 anos, estes reformados "não podem aceder ao complemento a idosos".