"A Sonangol não é uma empresa como as outras; é a coluna vertebral da economia nacional e o garante do futuro dos nossos filhos. Sinto-me privilegiada por ter contribuído para a reforma e melhorias desta grande empresa", diz a empresária Isabel dos Santos num comunicado de imprensa enviado às redações para comentar a sua exoneração do cargo de presidente do conselho de administração da Sonangol.
Num longo texto de dez pontos, com muitos agradecimentos à sua equipa e relato de vários feitos alcançados nos 17 meses em que liderou a empresa petrolífera estatal angolana, Isabel dos Santos garante que conseguiu diminuir custos de produção do barril de petróleo para metade, de 14 para sete dólares.
Depois de pegar a empresa num "estado de emergência", a filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos garante que a deixou à administração que agora toma posse, liderada por Carlos Saturnino, um homem que ela tinha afastado da empresa o ano passado, com "as condições financeiras necessárias para a manutenção patrimonial da Sonangol, abrindo garantias de continuidade e de crescimento para o futuro".
"Congratulo o novo executivo pelo desejo de progresso, transparência e eficácia na gestão do bem público", diz Isabel dos Santos, "os mesmos valores" que se mantêm "no centro da cultura empresarial que a administração cessante implementou na Sonangol".
Sublinhando que em dezembro de 2015 assumiu o comando da empresa que, "pela primeira vez na sua história, não tinha conseguido cumprir com as suas obrigações junto da banca, tinha dívidas com os fornecedores e pesados cash calls [pedidos de dinheiro aos accionistas para investimento acordados]", Isabel dos Santos sublinha que deixa a empresa com um financiamento no valor de dois mil milhões de dólares ("com assinatura prevista para os próximos dias") que "garantirá o pagamento de todos os cash calls relativos a 2017".
Isabel dos Santos também não resiste a dar uma ferroada ao seu sucessor, o homem que ela afastou da liderança da Sonangol Pesquisa & Produção [P&P], a subsidiária da empresa petrolífera estatal que "durante a avaliação efetuada apresentou as maiores debilidades de gestão e consequentemente de desvios financeiros".
"Em 2015 a P&P tinha um resultado operacional negativo de 859 milhões de dólares, reduzimos a perda para 256 milhões de dólares em 2016 e em 2017 haverá um resultado operacional positivo de 100 milhões de dólares", lê-se no comunicado.