A OPEP chegou ontem a acordo para prolongar o corte na produção de petróleo, alcançado no final de 2016, mais nove meses, até ao final de 2018.
O entendimento foi conseguido ao final da manhã em Viena e, horas depois, alargado aos produtores fora da organização, liderados pela Rússia. O objetivo é reduzir o excesso de oferta global de petróleo e assim manter os preços em alta. Ao mesmo tempo, os países sinalizaram que poderão interromper o acordo mais cedo caso a procura aumente.
A confirmação do prolongamento do acordo – que cortou a produção conjunta em cerca de 1,8 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) e terminava em março, depois de já ter sido estendido por nove meses – foi revelada pelo ministro do Petróleo do Koweit.
Este revelou também que a OPEP decidiu que a Nigéria e a Líbia devem limitar a sua produção aos níveis deste ano, depois de os dois países terem ficado isentos de cortes até ao momento.
A Rússia, que este ano reduziu a produção de forma significativa e pela primeira vez em acordo com o cartel, tem vindo a pressionar para que haja clareza sobre uma eventual saída da política de cortes de forma a que não haja uma escassez no mercado, o que levaria os preços a subirem rápido e os EUA a aumentarem ainda mais a produção.
A Arábia Saudita afinou pelo mesmo diapasão. Antes da reunião, o ministro da Energia deste país disse que era prematuro falar numa estratégia de saída, mas admitiu que o acordo poderia ser revisto em junho, para avaliar os progressos e a evolução do mercado. “Quando estivermos para sair do acordo, vamos fazê-lo de forma muito gradual… para garantir que não provocamos um choque no mercado”, afirmou o responsável.
Os ministros do Iraque, Irão e Angola também admitiram que seria possível alterar o acordo em junho para responder à evolução do mercado. “Os principais parâmetros que poderiam justificar uma revisão são mudanças no mercado e mudanças nos preços”, disse o ministro iraquiano do Petróleo.
Produção dos EUA
A Arábia Saudita é o maior produtor da OPEP e a Rússia o principal produtor fora do cartel. Os EUA também têm vindo a aumentar a sua produção, levando a uma baixa de preços. Com os preços do petróleo Brent a serem negociados acima dos 60 dólares por barril, a Rússia questionou mais cedo a sensatez de estender os cortes existentes, de 1,8 milhões de barris por dia, até o fim do próximo ano, uma vez que tal medida poderia desencadear uma alta na produção dos Estados Unidos.
“Se produtores dos EUA aumentarem as prospeções nos próximos meses devido aos preços mais altos, então eu espero outra queda nos preços até ao fim de 2018”, disse um analista, citado pela agência Reuters. Um outro aponta para que, se houver uma grande interrupção da produção, os preços do Brent poderão subir até 70 dólares por barril.