A oposição à imigração tem sido uma das bandeiras do presidente norte-americano, Donald Trump, e parece que não o deixará de ser, pelo menos no futuro próximo. Na passada sexta-feira, Trump decidiu boicotar a conferência mundial sobre a migração, que começa hoje em Puerto Vallarte, Mexico, e que durará por três dias. O objetivo da conferência é a negociação de um pacto para se definir uma abordagem humana aos mais de 60 milhões de pessoas que foram forçadas a abandonar os seus países por causa de conflitos armados, pobreza e alterações climáticas.
A decisão do milionário que hoje comanda a Casa Branca está a ser percecionada como um claro sinal: os Estados Unidos não estão interessados em participar na formação de uma maior cooperação mundial para responder a uma das principais crises mundiais.
No sábado, a missão norte-americana nas Nações Unidas informou o secretário-geral António Guterres de que os Estados Unidos terminariam “com a sua participação na Concertação Global da Migração”, sob a égide da Organização Internacional para a Migração. Num comunicado de imprensa emitido por Nikki Haley, embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, podia ler-se que o país “[se orgulha] do seu património imigrante e da sua liderança moral de longa data no fornecimento de apoio às populações migrantes e refugiados em todo o mundo”. “A declaração de Nova Iorque envolve várias disposições que são incompatíveis com as políticas norte-americanas de imigração e de refugiados”, continuava o comunicado. “Assim, o presidente Trump decidiu terminar a participação dos Estados Unidos na preparação do pacto que visa obter um consenso na ONU em 2018”, concluía.
De acordo com a Foreign Affairs, a decisão do presidente norte-americano resulta da influência do conselheiro Stephen Miller, de 32 anos e responsável pelo endurecimento das políticas de imigração nos Estados Unidos.
Em claro contraste com a administração Trump, a de Obama participou, em 2016, numa cimeira internacional organizada pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, assumindo também uma série de compromissos internacionais patentes na apelidada declaração de Nova Iorque. Nesta, os Estados signatários comprometiam-se a garantir a proteção de migrantes, a melhorarem a cooperação na área da segurança internacional e a dissuadir os governos de deterem crianças imigrantes. Esta declaração é também a base para um acordo internacional de cooperação que se prevê que esteja concluído no final de 2018 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas.