A partir de 13 de janeiro, Mário Centeno será o presidente do Eurogrupo. A primeira reunião está marcada para o dia 22. O ministro português foi eleito à segunda volta pelos 19 ministros das Finanças da Zona Euro.
“É uma honra ser o novo presidente do Eurogrupo. É uma honra pela relevância do grupo, pela qualidade dos meus colegas e pela importância do trabalho que temos de desenvolver nos próximos anos”, afirmou o ministro português, minutos depois de ter sido eleito.
Os socialistas e a direita aplaudiram a eleição. Os receios de que o país possa ser prejudicado vieram dos partidos que apoiam o governo. Foi a pensar neles que Mário Centeno garantiu que “esta eleição não muda nada na política interna em Portugal”. Em resposta às preocupações manifestadas pela esquerda, o ministro disse que os compromissos assumidos “não são de todo colocados em causa com esta eleição. Como já referi, o que ganhámos foi a capacidade e possibilidade de trazer para esta arena um conjunto de princípios que são do PS, que estão no programa de governo e que em nada prejudicam a governação que está acordada com os parceiros parlamentares”. O primeiro-ministro, António Costa, também deu a garantia de que “não haverá surpresas”.
Nem Costa, nem Centeno convenceram os partidos que apoiam o governo. João Ferreira, eurodeputado do PCP, defendeu, em conferência de imprensa, que “a designação de Mário Centeno como presidente do Eurogrupo não representa uma decisão positiva para a defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo português”. Os comunistas temem que o “governo do PS” utilize esta eleição para “acentuar a recusa ou limitações às medidas necessárias ao desenvolvimento do país”.
Do lado do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua considerou que “a pergunta que os portugueses fazem é se Mário Centeno, por ser português e pertencer ao PS, pode fazer a diferença nesta instituição que só tem representado ataques à democracia e mais austeridade. Entendemos que prevalece a natureza da instituição”.
O PSD, pela voz de Duarte Pacheco, defendeu que a partir de agora Portugal “está ainda mais comprometido com a disciplina europeia”. O deputado social-democrata defendeu ainda que só foi possível um português atingir esta posição porque o governo liderado por Passos Coelho iniciou um percurso que retirou o país da bancarrota. João Almeida, do CDS, disse que “o CDS valoriza a eleição de um português para um cargo europeu”.
O alertas do PR
O Presidente da República fez questão de alertar que “tudo o que é bom tem um preço”. Marcelo, que nunca manifestou grande entusiasmo com a ida de Centeno para a presidência do Eurogrupo, defendeu que “é um sinal importante e positivo para o país”, mas “agora que temos a presidência do Eurogrupo, somos ainda mais responsáveis do que éramos anteriormente”. E continuou: “não pode haver nem descuidos nem aventuras em matéria financeira em Portugal”. Marcelo comentou duas vezes, ao longo do dia, a eleição do ministro português. Antes e depois de ser conhecido o resultado da votação. A primeira intervenção serviu para voltar a alertar Mário Centeno de que não pode esquecer “nunca que é ministro das Finanças de Portugal”.
Virar a página
O presidente da Comissão Europeia felicitou Mário Centeno pela sua eleição como presidente do Eurogrupo. “Possui todas as qualidades necessárias para assumir tão importante responsabilidade”.
Jean-Claude Juncker realçou que, “dez anos após o início da crise, a economia europeia está finalmente em recuperação. A confiança foi restabelecida e chegou a hora de virar a página da crise. O forte crescimento económico é uma oportunidade para avançar no trabalho necessário para garantir uma União Económica e Monetária mais coesa, mais eficiente, mais forte, mais democrática e que funcione para todos os europeus”. Também Gianni Pittelli, presidente do grupo dos socialistas no Parlamento Europeu, afirmou que “esta é uma vitória pelo futuro da Europa e por todos os que lutámos para nos livrarmos da cegueira da austeridade”.