Pilotos alemães têm-se recusado a repatriar cidadãos afegãos para o seu país de origem, depois do Estado alemão ter considerado o Afeganistão um “país seguro de origem”. Entre janeiro e setembro de 2017, 222 voos foram afetados por os pilotos se recusarem a participar nas deportações, sendo que destes 140 voos cancelados. 85 pertenciam à Lufthansa e Eurowings, enquanto os restantes concernam a outras companhias.
O novo estatuto do Afeganistão como “país seguro” impede os cidadãos afegãos de pedirem asilo, permitindo ao governo alemão a deportação de acordo com a lei internacional. Contudo, o país tem sido, nos últimos anos, devastado pelo conflito entre o governo afegão, apoiado pela NATO, e os talibãs, sendo que muitos dos cidadãos que se dirigiram para a Alemanha fugiram de represálias.
“A decisão de não transportar um passageiro cabe em última instância ao piloto com base no caso a caso. Se ele ou ela entender que a segurança do voo será afetada, então deve recusar transportar o passageiro”, disse Michael Lamberty, porta-voz da Lufthansa ao jornal alemão “Deutsche Welle”. “Se o pessoal da segurança dos aeroportos tiver algum tipo de informação que indique que uma situação possa escalar, os pilotos podem decidir com antecedência não permitir a entrada dos passageiros”, explicou.
Em 2013, a chanceler alemã Angela Merkel abriu as portas do país aos refugiados, que chegavam através da rota dos Balcãs. Porém, e com o aumento da pressão da direita alemã, principalmente do Alternativa para a Alemanha e CSU, seu partido-irmão, a chanceler tem encetado esforços para limitar a entrada de refugiados e migrantes, bem como para aumentar o número de deportações.