Assunção Cristas pode vir a ter um adversário na corrida à liderança do CDS. Pedro Borges de Lemos, que está à frente de uma corrente informal de opinião dentro do partido centrista, não coloca de parte a hipótese de desafiar Cristas no congresso democrata-cristão que está marcado para março de 2018.
O movimento chama-se CDS XXI e Pedro Borges Lemos garante, numa entrevista ao Observador, que já está a reunir apoios entre os militantes para formalizar a tendência. “O nosso movimento conta já com algumas centenas de apoiantes, entre militantes CDS e independentes, sobretudo a norte do país. No jantar de 9 de dezembro, vamos ter Nuno Cardoso e António Vilar como oradores”, disse referindo-se ao ex-presidente da Câmara do Porto e ao ex-deputado e antigo líder da distrital do PSD do Porto, respetivamente. “O objetivo deste jantar é ouvir as pessoas e reunir apoios para nos tornarmos uma verdadeira força alternativa à atual direção, que não está a defender a matriz democrata-cristã que está na génese do partido”, continuou.
A Assunção Cristas, Pedro Borges Lemos deixa críticas, desde a sua eleição à até às “incoerências” que afirma que a líder tem assumido: “Em 2010, votou contra o casamento homossexual só para cumprir o programa do partido, mas é a favor; em 2017, faltou à votação da lei de gestação de substituição; defende a igualdade de género, mas usou o véu islâmico durante a sua visita à mesquita de Lisboa – não se consegue perceber”, enumera alguns exemplos. Pedro Borges Lemos formaliza a acusação: “a atual direção está a matar o projeto humanista de Adelino Amaro da Costa”.
Sobre a posição de Cristas face aos outros partidos do hemiciclo, Pedro Borges Lemos também tem algo a dizer: “Em setembro, uma fonte do CDS disse ao jornal Sol que o partido admitia governar com o PS. Em entrevista, Assunção Cristas disse que estava preparada para ser primeira-ministra. Agora em entrevista à Antena 1, admitiu governar de novo com o PSD. Onde é que fica aqui a coerência?” questiona. “Não pode dar esta imagem de cata-vento.” Para Borges Lemos “Assunção Cristas demonstra um grande pretensiosismo”, uma vez que “primeiro tem de ser reeleita líder do CDS, no congresso de 2018”.
Para o centrista, “o CDS deve afirmar-se como partido de governo, autónomo, e sem ser bengala de ninguém”, mas não descarta uma aproximação ao PS que, segundo Borges Lemos “não vai ter maioria absoluta em 2019, mas vai ter um resultado que permite governar sem um dos dois parceiros de esquerda”. Se essa situação acontecer, “o CDS deve por isso procurar uma aproximação ao PS no âmbito de um programa de salvação nacional, mostrar-se disponível, para que o PS não diga depois que não tinha alternativa a não ser governar com o Bloco de Esquerda”, uma vez que o PCP “nunca aceitaria” tal coligação.
“Esta linha de rutura total com o PS é prejudicial para o CDS e, sobretudo, para os portugueses”, afirmou e Cristas, “está num limbo, mais preocupada com a sua campanha de promoção pessoal do que com o partido”.