O PS já pediu a ida do ministro do Trabalho e Segurança Social ao parlamento e o líder parlamentar, Carlos César, admite que não está “satisfeito” com as explicações dadas até agora por Vieira da Silva.
“Estou tranquilo, mas não estou satisfeito”, afirmou César, na TSF, acrescentando que “é preciso que tudo seja esclarecido e essa é a razão pela qual o grupo parlamentar do PS solicitou uma audição imediata do ministro do Trabalho e Segurança Social, de modo que lhe sejam feitas todas as perguntas que os deputados entendam fazer e que lhe seja proporcionada a possibilidade de dar todas as respostas que tem o dever de dar.” Para o líder parlamentar do PS, “só explicações cabais podem circunscrever esse caso”.
Vieira da Silva já falou duas vezes sobre este tema. O ministro garantiu ontem que “se houve alguma falha” na associação Raríssimas, “isso ficará claro”, e anunciou que “num prazo muito breve” ficará “tudo esclarecido sobre eventuais irregularidades”.
O governo falhou
A polémica à volta da associação Raríssimas tornou-se um dos principais assuntos do debate político e o PSD levou o caso ao parlamento para apontar o dedo a Vieira da Silva. “O governo falhou. Falhou na ação de fiscalização que lhe compete depois de ter sido alertado diversas vezes. O rosto desse falhanço é o ministro Vieira da Silva”, afirmou a deputada social–democrata Clara Marques Mendes.
O PSD promete não desistir deste caso e “quer ver esclarecidas todas as questões. Doa a quem doer”. Clara Marques Mendes defendeu que o ministro tem de explicar “porque é que só agora, depois de uma louvável reportagem televisiva, se mandou fazer inspeção à Raríssimas. Porque é que durante meses chegaram denúncias e ninguém agiu”.
As mesmas questões foram levantadas, mesmo antes do debate no parlamento, por Assunção Cristas. A presidente do CDS defendeu que é preciso apurar se o ministro foi “conivente” com as irregularidades na associação Raríssimas. Cristas quer saber se o governo “recebeu ou não recebeu denúncias, atuou em conformidade com essas denúncias ou simplesmente não atuou e foi conivente com aquela atuação”.
O PS defendeu que não é sério afirmar que o governo não agiu. A deputada Idália Serrão explicou que “foram apresentadas queixas em março, junho, julho e, em 31 de julho, foi iniciado um processo de auditoria”.
Perante esta justificação, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, exigiu que todos os deputados pudessem ter acesso a essa auditoria, que “pelos vistos tem cinco meses”. Em resposta, Idália Serrão remeteu todos os esclarecimentos para a ida do ministro ao parlamento.
O PSD enviou, logo no início da semana, um requerimento ao ministro Vieira da Silva e quer saber “desde quando o governo tem conhecimento de irregularidades na associação Raríssimas”. Os deputados do PSD lembram que a reportagem da TVI relatava que o ministro do Trabalho e da Segurança Social “já tinha conhecimento desta situação há vários meses”.
O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim, afirmou mesmo, nas redes sociais, que é “demasiado estranho” que o ministro do Trabalho e Segurança Social “nunca tivesse sabido de nada sobre aquilo que se passava à sua volta”.