1.RIO VS. SANTANA. Há um ano Jeremy Corbyn era considerado um mero assunto interno do Partido Trabalhista. Tão radical, tão serôdio, tão isolado do partido parlamentar que jamais seria primeiro-ministro do Reino Unido. Mas, se em política uma semana é muito tempo, o que dizer de meses. Veio o verão, o surpreendente desaire eleitoral dos Tories, as trapalhadas do Brexit, a incapacidade de Theresa May em controlar os seus ministros e deputados e, agora, Corbyn é o mais que provável próximo primeiro-ministro britânico. Este introito serve para fazer o ponto de que os militantes do PSD não devem escolher entre Rio e Santana com base apenas em assuntos ligados ao arrumar a casa partidária. Também não se devem enredar excessivamente na questão arcana do significado da alma social-democrata. Como o exemplo britânico mostra, o líder do maior partido da oposição está sempre a um milímetro de ser chefe do governo. Os militantes do PSD vão também escolher um possível primeiro-ministro. Mas, se assim pensarem, dificilmente escolherão Santana Lopes. A sua experiência à frente do governo foi desastrosa (e recente) e, nestas coisas, não podem haver segundas chances. Mas Rio também me parece uma fraca escolha para primeiro-ministro pois, entre outras coisas, falhou no teste do ácido de qualquer estadista responsável – o apoio à indispensável política de austeridade financeira que salvou o país da bancarrota. Difícil, portanto!
2. CONSELHO EUROPEU. Nesta quinta-feira em que escrevo tem lugar o último Conselho Europeu de 2017. Mesmo com Brexit, as águas estão mais calmas – a economia cresce, o problema imigração perdeu o caráter agudo e as dívidas soberanas estão controladas com a ajuda preciosa do Banco Central Europeu. A Comissão já não precisa de correr a pagar fogos. A bonança permite retomar a iniciativa. O que fazer nesta bonança? Lançar novos e arrojados planos ou tratar de por a casa em ordem. Alguns, com Martin Schulz à cabeça, prefere a primeira opção como demonstra o seu esquiço para constituição de uns ‘Estados Unidos da Europa’ até 2025. Mas o Conselho e também a Comissão preferem a segunda – designadamente, completar os alicerces da união monetária. Estou com estes. A Europa precisa de tudo menos de novos saltos em frente. Façam o trabalho de casa e poupem-nos a novos planos.