António Costa afirmou hoje que é preciso juntar aos investimentos em curso no combate aos incêndios a reforma estrutural da floresta. O primeiro-ministro afirmou que o tempo para a reforma florestal "se esgotou" e alertou que as condições naturais "agravam a ameaça" de incêndio.
Durante a cerimónia de condecoração do grupo de Intervenção e Proteção de Socorro (GIPS) da GNR, criado por Costa enquanto era ministro da Administração Interna, que decorreu esta segunda-feira na Praça do Comércio em Lisboa, o atual primeiro-ministro focou o seu discurso na floresta. "A floresta portuguesa está mais desordenada do que há 11 anos, os dois anos de seca severa que temos enfrentado tornaram os combustíveis mais perigosos e o processo de alterações climáticas exporá o país, necessariamente, a fenómenos meteorológicos extremos, tal como se registaram a 17 de junho e 15 de outubro passados", afirmou Costa.
Apesar de apelar que se intervenha "em todas as componentes do sistema", de forma a evitar que se caia novamente "no erro de investir nos meios de combate e descurar a reforma da floresta". "Reafirmei já o compromisso do Governo no sentido de aumentar o número de efetivos dos sapadores florestais e assegurei o empenho em reforçar a capacitação dos bombeiros voluntários, a par do aumento dos efetivos profissionais no seio dos corpos dos bombeiros voluntários. Do mesmo modo, estamos a contar ver reforçada a capacidade de intervenção das Forças Armadas na assistência militar de emergência", acrescentou o primeiro-ministro.
"Não podemos voltar a fazer o mesmo, não podemos voltar a andar com uma perna a um ritmo superior à outra. Ambas as pernas têm de andar ao mesmo ritmo para que o passo seja um passo consolidado" afirmou o primeiro-ministro. "Por isso, já se arrancou com o projeto-piloto do cadastro, dispomos de um quadro legislativo que permite reforçar a atuação das autarquias nas zonas de intervenção florestal e criaram-se as entidades de gestão florestal para poderem existir áreas economicamente viáveis na floresta".
Para Costa, é necessário fazer a "revitalização da floresta", uma vez que a atual estrutura "é uma ameaça à segurança". "Iludir os portugueses quanto à capacidade de resolver no curto prazo um problema estrutural é criar uma ilusão que tem risco elevado e que custará seguramente vidas se tal risco não for acautelado". Em causa estava a reforma feita há 11 anos que "visou comprar tempo para que se concluísse a reforma da floresta e se desenvolvesse o interior do país", um tempo que segundo Costa foi desperdiçado.