Debates, debates e mais debates. Desde o início da campanha para a liderança do PSD que Rui Rio e Santana Lopes não se entendem sobre a marcação dos frente a frentes.
“Começa a ser embaraçoso para Pedro Santana Lopes estar a querer debater os debates”, afirma ao i Bruno Coimbra, coordenador da volta nacional da campanha de Rui Rio.
Depois de Santana ter cancelado o encontro com Rio no programa “Poder Laranja”, na TVI24, a candidatura do ex-primeiro-ministro enviou um comunicado onde declara que Santana Lopes “participará, sem mais, nos debates para os quais seja convidado pelos canais de televisão e nas datas que ficarem estabelecidas”, deixando para “quem entender recusar” a explicação do motivo.
“Eu acho que Pedro Santana Lopes meteu os pés pelas mãos nisto tudo e é natural que agora passe a bola para os órgãos de comunicação social”, diz Bruno Coimbra. Miguel Santos, coordenador nacional da campanha de Santana Lopes defende que desde “a primeira hora” mantêm o mesmo princípio: “disponibilidade para os debates anywhere, anytime”.
Quando questionado sobre o cancelamento do debate na TVI, Miguel Santos defende que o estabelecido no convite era “uma entrevista, não era um debate” e acrescentou que “os debates devem acontecer em canal aberto”, especialmente quando existem convites das três televisões generalistas.
Para a campanha de Rio, a situação rompeu um compromisso feito entre os candidatos. “Santana Lopes acertou com a TVI que estaria disponível para ir à TVI debater com Rui Rio. Ficou acertado um outro debate”, conta Bruno Coimbra, explicando que o encontro na RTP tinha ficado “imediatamente” fechado por haver concordância entre as duas candidaturas. “Santana Lopes veio a público dizer que queria três, isso era divergente do que tinha combinado”, acrescentou.
Salvador Malheiro, coordenador nacional da candidatura de Rio confirma a versão: “O assunto já tinha sido encerrado com um debate na RTP e um debate na TVI”. “Ele [Santana Lopes] até pode querer tudo e no dia seguinte não querer nada, que é isso que estamos habituados. Agora, Rui Rio é muito claro em tudo isto”, acrescenta o coordenador. “A mim custa-me é ver, neste momento, em vez de apresentar as questões chave de cada uma das moções estratégicas a acrescentar ao partido, se esteja a perder tempo com isto”, acrescentou, garantindo que “os debates vão ter lugar” e, quando o tiverem, “a performance de Rui Rio vai ser muito forte e tudo se vai esfumar”.
Apesar da garantia de Salvador Malheiros, Miguel Santos critica os “subterfúgios e pretextos” do ex-autarca do Porto “para desviar e tentar prorrogar a existência de debates”. “Ainda vamos chegar a 13 de janeiro [data das eleições] e Rio continua a fugir aos debates”, afirma entre risos.
A polémica começou cedo. No discurso de apresentação da candidatura, Santana Lopes afirmou que “gostaria que as distritais do partido e as organizações regionais, organizassem cada uma um debate”. Rio recusou de imediato os 21 encontros propostos pelo adversário, classificando a iniciativa como um “circo ambulante”. No entanto, Miguel Santos recusa a premissa dos 21 frente a frentes: “Ele sugeriu que fossem feitos debates nas distritais, que é uma coisa lógica”, e “havendo boa vontade, com certeza que logo ali seria possível que os debates se realizassem. Se eram 21, ou 18, ou 15, se as distritais se juntassem às que são vizinhas, depois tudo se resolveria com boa vontade”. No entanto Bruno Coimbra reforça a impossibilidade da proposta: “Não havia mais nada. Não havia sessões de esclarecimento aos militantes de cada uma das candidaturas, não havia com certeza consoada e Natal, não havia passagem de ano. Estaríamos sempre à mesa a debater ou a preparar debates”.