O aviso foi feito: é preciso manter a estabilidade. Marcelo Rebelo de Sousa falava ontem, na sessão de cumprimentos de Natal com o governo, não só sobre a estabilidade política ou financeira, mas principalmente sobre a estabilidade social
Os portugueses “percebem que há empresas que, pela sua importância, o seu poder, o relevo da área em que atuam, pelo emprego que envolvem”, “são empresas em que é importante que haja paz social”, disse o Presidente da República referindo-se à Autoeuropa. Sobre a crise na empresa, Marcelo desencorajou os ministros a correrem “riscos de aventuras” porque podem “afetar o clima que os portugueses acham que é bom”.
Em 2018, é preciso “estar à altura” para que seja possível “continuar a corresponder às legítimas expectativas dos portugueses”. “É por isso que aqui estamos”, reforçou o presidente, criticando quem está no executivo por “glória pessoal”, “carreira” e “promoção económica, social ou pessoal”. “Tudo isso é secundário perante o serviço dos portugueses,” sintetizou.
“Este ano de 2017, também nas relações entre o Presidente da República e o governo, correu bem”, acrescentou Marcelo. E António Costa reforçou: “trabalhamos em conjunto, quer nas boas horas, quer nas horas más”.
“Tivemos importantes sucessos” mas também “vivemos, traumaticamente, a maior tragédia humana provocada por catástrofes naturais que algum de nós tem memória”, continuou o primeiro-ministro referindo-se aos incêndios deste verão.
Para o líder do governo, a “grande lição coletiva para todos nós” vem das populações afetadas pelos incêndios que não desistiram “de viver num sítio” onde sofreram e utilizou esta “lição” para se referir à “grave crise financeira que vivemos nos últimos anos” e de onde “fomos saindo”. “Fomos capazes de virar a página e também de construir um novo futuro para todos os portugueses.”
No entanto, para o próximo ano, ficam “responsabilidades”. “Temos que entrar em 2018 bem cientes das enormes responsabilidades que temos de continuar a responder à emergência, acabar de construir o que está a ser construído, fazer renascer o que já está a renascer, prevenir que em 2018 se volte a repetir o que de inaceitável aconteceu”, afirmou Costa.
A Marcelo, o primeiro-ministro quis transmitir a ideia de um governo “confiante” e “ciente das responsabilidades e “do longo caminho que ainda tem pela frente, mas também de uma enorme vontade de continuar a seguir este caminho com pé firme”.
Défice fica abaixo de 1,3%
O primeiro-ministro aproveitou ainda o momento para anunciar que “este ano vamos ter um défice que hoje se pode dizer, sem causar arrepios ao ministro das Finanças, que será inferior a 1,3%”.
Para além do valor do défice, o primeiro-ministro frisou que “este vai ser o ano de maior crescimento económico desde o princípio do século” e que a dívida pública, apesar de ainda ser “muito elevada”, está “já abaixo das expectativas”, uma vez que “não superará os 126% do PIB”.
António Costa destacou ainda o contexto em que vivemos, onde “o emprego tem vindo a crescer com 240 mil postos de trabalho” criados, e a emigração a diminuir, atingindo os valores mais baixos dos últimos cinco anos.
Sobre a estabilidade financeira, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os portugueses já estão conscientes da importância das décimas do défice, o que “é uma conquista, porque bem podiam os políticos pensar isso e não sentir que correspondia à visão sensata do povo português”.