O presidente da República fez justiça à encarnação pastorícia que o povo da aldeia do Nodeirinho lhe concedeu em pintura de Natal. No fim-de-semana da consoada, Marcelo Rebelo de Sousa cumpriu o que já no verão prometera: passou a data junto das populações afetadas pelos incêndios na região centro do país, entre Pedrógrão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra.
Ontem, convidado para a inauguração da sede na Associação de Vítimas de Pedrógão, que passará a estar situada numa antiga escola primária de Figueiró, Marcelo afirmou que a AVIPG “fez história, faz história e vai fazer história neste país” e assinalou que o crescimento e os progressos em torno da iniciativa ajudam a “compreender um pouco a história” das tragédias de 2017.
O chefe do Estado, no entanto, preferiu realçar outra característica da associação como excecional, na medida em que possui uma dinâmica de futuro – algo que é, diz Marcelo, “muito novo” no cenário português. A conjugação da memória do que sucedeu, de um futuro melhor e do desenvolvimento presente necessário para o conseguir são “três dimensões juntas” e “muito raras” e isso, para o presidente, faz da AVIPG “uma associação virada para o futuro e com um horizonte que não tem limite”. E isso, na sua novidade, implica também um desafio de esclarecimento à sociedade, demonstrou depois.
“Havia quem me perguntasse: ‘Mas afinal como é? Aquela iniciativa não se esgota naquilo que é justo relativamente às perdas que existiram, na ideia de sensibilizar para o que se passou, mas quer mais. Até onde é que vão?’ Estamos numa sociedade que está habituada a estas diferenças. E esta é uma realidade nova”, esclareceu, continuando. Para si, esse traço distinto da associação “é bom que seja exemplar no sentido de abrir um caminho diferente”.
Marcelo que quer portugueses visitem Pedrógão Também ontem, mas à saída da missa de natal de Pedrógão Grande, Marcelo, que é crente, deixou um apelo à sociedade.
“Penso que é preciso, no futuro próximo, na próxima primavera, no próximo verão, as pessoas virem. Estarem cá. Contribuírem para esta mudança em curso, este reconstruir de futuro, é muito importante”, disse.
“É muito importante porque quem cá está sente esse calor da presença. E é muito importante porque mexe com a vida, mexe com a economia, mexe com a sociedade. É aquilo que é preciso que aconteça sobretudo no próximo ano, porque engrenando no próximo ano, já engrenou”, incentivou aos portugueses, que podem assim dar um contributo presencial. As várias famílias presentes na eucaristia, vindas dos quatro cantos do país, serviram de exemplo para o presidente concretizar essa mensagem.
“Alguns dos que estavam aqui nesta igreja vieram de Vila Flor. Uma família veio de Coimbra, uma família veio de Famalicão…”, descreveu também o presidente, visivelmente impressionado.
Sobre quem está, Marcelo salientou que “não há dúvida de que os grandes obreiros são os homens e as mulheres desta terra”. “Começaram a fazer, começaram a construir, a partir para um futuro diferente e é isso que está a acontecer”, elevou, em jeito de conclusão, ele que fez do futuro dos referidos a principal causa do seu mandato.