“Hereges mercadores”. É este o nome que aparece nos registos da Inquisição para referir a primeira loja maçónica em Portugal. É num grupo de comerciantes britânicos residentes em Lisboa por volta de 1727 que se podem encontrar as origens da maçonaria em Portugal. Para todos os efeitos, em Portugal e no mundo a maçonaria comemora agora os seus 300 anos.
Demasiado secreta, demasiado polémica, a maçonaria está ligada a atos fundacionais da história mundial – os “founding fathers” dos Estados Unidos da América eram, na sua maioria, maçons – e nacional. A revolução liberal portuguesa é obra de maçons, a independência do Brasil é obra de maçons, a implantação da República é obra de maçons. O 25 de abril não é obra de maçons – a maçonaria tinha sido desmantelada durante a ditadura – mas o primeiro chefe de governo a seguir ao 25 de abril é o maçon Adelino da Palma Carlos. Antes disso, o Presidente da República António de Spínola tinha convidado para primeiro-ministro Raul Rego, diretor do jornal “República”, que manteve atividade maçónica na clandestinidade. Só que Raul Rego era militante do PS. Foi isso que Mário Soares explicou a António de Spínola quando se reuniu com o presidente da Junta de Salvação Nacional logo a seguir à sua chegada a Santa Apolónia vindo do exílio. O PS era um partido que tinha uma hierarquia, Raul Rego não poderia ser convidado.
O historiador António Ventura, atual grão-mestre adjunto do Grande Oriente Lusitano, discorda de que o facto de Raul Rego e Adelino Palma Carlos serem maçons tenha tido qualquer influência nos convites de Spínola. Admitiu em recente entrevista ao i que “foram maçons a sugerir a Spínola o nome de Palma Carlos para primeiro-ministro” mas que isso não pode ser interpretado como uma pressão da maçonaria sobre o regime criado pelo 25 de Abril.
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